Em 1991, enquanto o mundo conhecia o Sonic the Hedgehog no poderoso Mega Drive, o Brasil e outros mercados com o mais modesto Master System receberam uma versão única e surpreendente do mascote da SEGA. Mas esta não foi apenas uma adaptação simplificada: o Sonic do Master System seguiu um caminho próprio, e esse detalhe é justamente o que faz desta versão algo tão especial e memorável para os jogadores da época.
Conversão com identidade própria
Diferente do que muitos podem imaginar, o jogo não foi desenvolvido pela Sonic Team, e sim pela Ancient, uma pequena empresa japonesa fundada por Yuzo Koshiro, famoso compositor de trilhas sonoras lendárias como Streets of Rage. A equipe da Ancient, apesar das limitações do Master System, soube reinterpretar Sonic de forma criativa e eficaz.
Ao invés de tentar replicar o jogo do Mega Drive, a equipe optou por recriar uma experiência nova, com fases, músicas e desafios diferentes, priorizando a exploração em vez da alta velocidade que caracterizava a versão 16-bit. Essa abordagem foi essencial para que o jogo funcionasse bem no hardware mais limitado.
Jogabilidade adaptada, mas divertida
No Master System, Sonic perde um pouco da sua famosa velocidade, mas ganha uma estrutura de fase mais próxima de um plataformer clássico, com caminhos alternativos, segredos escondidos e design mais cuidadoso nas plataformas. A física do personagem é diferente, mais lenta e “pesada”, mas ainda assim funcional e divertida. A ausência do spin dash (introduzido apenas no Sonic 2) não compromete a ação, e os controles são responsivos.
Um destaque interessante está no fato de que, ao perder todos os anéis e morrer, o jogador volta ao início da fase, não a um checkpoint, algo que exige mais cuidado e atenção do jogador.
Trilha sonora de mestre
Mesmo com as limitações do som PSG do Master System, Yuzo Koshiro conseguiu extrair belas melodias do console. As músicas são cativantes e bem compostas, com identidade própria e que casam perfeitamente com o estilo do jogo. Temas como os das zonas Bridge e Jungle são lembrados até hoje por quem viveu essa época.
Gráficos bonitos para 8-bits
Os gráficos são coloridos, bem desenhados e variados, com ótimo uso das paletas do Master System. Os cenários possuem boa distinção entre os mundos (Green Hill Zone, Jungle, Labyrinth etc.) e o design dos inimigos é fiel ao espírito da série. A rolagem da tela é suave para os padrões do console, e a performance geral impressiona, principalmente considerando que se trata de um jogo de ação rápida em um hardware limitado.
Popularidade no Brasil: um clássico de memória
No Brasil, o sucesso foi ainda mais marcante. A Tec Toy, responsável pela distribuição do Master System por aqui, lançou diversas versões do console com o Sonic na memória. Isso fez com que muitos brasileiros tivessem Sonic como o primeiro jogo da vida, consolidando ainda mais a popularidade do ouriço azul no país.
Graças a isso, o jogo virou um símbolo do Master System brasileiro, sendo lembrado com enorme carinho até hoje. Muitos sequer precisavam de cartucho para jogar: bastava ligar o console.
Veredito
O Sonic the Hedgehog do Master System não é apenas uma versão "menor" do jogo original. Ele é um Sonic alternativo, com identidade própria, feito com carinho e inteligência por uma equipe talentosa que soube respeitar as limitações do hardware.
Sua jogabilidade mais focada na exploração, suas belas músicas e o impacto cultural no Brasil o tornam um clássico absoluto do 8-bit. Para muitos brasileiros, foi a porta de entrada para o universo dos videogames, e que bela porta foi essa.
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