Lançado em 2003 para o Neo Geo, SNK vs Capcom: SVC Chaos chegou ao mercado em um momento conturbado para a SNK. A empresa havia enfrentado sérias dificuldades financeiras no início dos anos 2000, incluindo falência e reestruturação, o que acabou atrasando o desenvolvimento e lançamento de diversos títulos, entre eles, este tão aguardado crossover entre duas gigantes do mundo dos jogos de luta: SNK e Capcom.
Uma proposta ousada em meio ao caos
A ideia por trás de SVC Chaos era simples, mas ambiciosa: unir personagens icônicos das duas empresas em um único jogo de luta no estilo clássico 1x1. Ao contrário da série Capcom vs SNK, que utilizava a engine da Capcom e um estilo gráfico mais polido, SVC Chaos foi totalmente desenvolvido pela SNK Playmore, com o visual e jogabilidade mais próximos à série The King of Fighters.
O jogo traz um elenco de respeito, com lutadores como Ryu, Ken, Chun-Li, Akuma, Dhalsim pelo lado da Capcom, e Terry Bogard, Kyo Kusanagi, Iori Yagami, Kim Kaphwan e Athena pela SNK. Ainda havia personagens secretos e obscuros, como Red Arremer (do jogo Ghosts 'n Goblins) e Violent Ken, que só apareceriam oficialmente em jogos posteriores.
Gráficos e som: a assinatura Neo Geo
Visualmente, o jogo segue o padrão da SNK: sprites em 2D bem detalhados, com animações fluídas e cenários impactantes. Mesmo sendo lançado em 2003, ele ainda usava o hardware do Neo Geo MVS, criado em 1990, o que o tornava tecnicamente limitado frente aos concorrentes de mesma época, como Street Fighter III: 3rd Strike ou Guilty Gear X. Apesar disso, os gráficos têm um charme nostálgico, com cores vibrantes e ótimos designs de personagens.
A trilha sonora é intensa e cheia de energia, com faixas que misturam rock e techno, acompanhando bem o clima dos combates. Os efeitos sonoros são típicos da SNK, com vozes claras, impacto nos golpes e gritos dramáticos — marca registrada de jogos como KOF 98 e Fatal Fury.
Jogabilidade e mecânicas: eficazes, porém datadas
SVC Chaos utiliza uma jogabilidade bastante ágil e direta, semelhante à série King of Fighters, mas sem esquivas laterais ou combate em equipe. O sistema é baseado em super barras (Power Gauge), com níveis que permitem a execução de movimentos especiais e super especiais. Há também os famosos Exceeds, golpes extremamente poderosos que só podem ser usados uma vez quando o jogador está com pouca vida.
Apesar de funcional, o gameplay carece de polimento em alguns aspectos. O balanceamento de personagens é inconsistente, com alguns lutadores claramente mais fortes que outros. Além disso, os controles podem parecer um pouco “duros” em comparação com os jogos contemporâneos de luta 2D.
Em sua época, muitos consideraram as mecânicas um pouco ultrapassadas, especialmente frente aos avanços técnicos da Capcom e da Arc System Works. No entanto, para os fãs da SNK, o jogo mantém a essência da era de ouro do Neo Geo.
Um legado que renasceu em outros consoles
Apesar de um lançamento inicial limitado ao arcade e Neo Geo, SVC Chaos mais tarde ganhou versões para PlayStation 2 e Xbox, permitindo que uma nova geração de jogadores pudesse conhecer o título. Esses ports ajudaram a manter o jogo vivo nas comunidades de fãs e torneios informais.
Nos anos recentes, SVC Chaos reapareceu em coleções digitais e plataformas retrô, como no Nintendo Switch e em emuladores oficiais. Ele também é lembrado com carinho em comunidades de jogos de luta, que valorizam sua estética única, a ousadia do crossover e o desafio técnico que ele representa.
Veredito
SNK vs Capcom: SVC Chaos é um jogo que, apesar das limitações técnicas e do lançamento tardio, carrega um espírito nostálgico poderoso. Ele pode não ter atingido a excelência técnica de outros jogos de luta da época, mas entregou combates intensos, personagens icônicos e momentos memoráveis.
Um crossover que sobreviveu ao próprio caos da SNK, e que continua sendo celebrado pelos fãs até hoje.
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