Lançado nos arcades em 1996 e levado ao Sega Saturn pouco depois, Die Hard Arcade (no Japão, Dynamite Deka) chegou chutando portas com uma proposta direta: pancadaria 3D acelerada, humor absurdo e um arsenal de armas improváveis. Num momento em que os beat ‘em ups tradicionais já perdiam espaço para lutadores 3D e action-adventures, ele foi uma das últimas grandes estrelas do gênero e, no console da SEGA, virou cult instantâneo.
A premissa é um filme de ação puro: invadir um arranha-céu tomado por terroristas para resgatar a filha do presidente da corporação. A campanha é curta, pensada para rotatividade de arcade, mas intensa, com QTEs (sequências interativas) entre as fases que alteram o fluxo do jogo e dão dano/benefícios conforme seu desempenho. O destaque é o co-op para dois jogadores, elevando o caos e a diversão.
Gráficos
No Saturn, o jogo é um porte do arcade Model 2. O visual usa polígonos com texturas e cenários segmentados por salas e corredores, mantendo a taxa de quadros alta para a época. Há, claro, downgrades do original de fliperama: texturas mais borradas, menos efeitos e algum clipping. Ainda assim, a direção compensa com:
- Câmera dinâmica que valoriza agarrões e finalizações.
- Animações rápidas e exageradas (quedas, voadoras, arremessos).
- Variedade cômica de armas à vista na tela (de pistolas a extintor, taco de golfe e até foguetes).
O resultado: não é o showcase técnico do Saturn, mas vende bem a fantasia de filme de ação — e roda liso o suficiente para a pancadaria nunca esfriar.
Som
A trilha mistura techo/rock de ação com batidas que empurram o ritmo. Destaques:
- Efeitos sonoros “secos” e impactantes (socos, vidros quebrando, tiros).
- Dublagem brega no melhor sentido, encaixando no tom de filme B.
- Mixagem clara: cada arma tem identidade, ajudando o feedback do combate.
No conjunto, o áudio é um motor de adrenalina, daqueles que você associa imediatamente a um arcade barulhento.
Jogabilidade
Die Hard Arcade é sobre cadência e caos controlado.
Sistema de golpes
- Esquema simples e acessível (soco/chute/pulo) com grapples, arremessos e combos contextuais.
- QTEs entre seções: acertar o timing poupa inimigos ou garante vantagens (armas, vida).
Armas e improviso
- Filosofia “pegue tudo”: canos, cadeiras, spray, pistolas, rifles, lança-foguetes — e cada uma muda o “flow”.
- Gerenciamento de munição e posicionamento mantém o jogo variado a cada sessão.
Dificuldade e duração
- Curto (pensado para 1–2 horas no console), difícil e rejogável pelo co-op, rotas/QTEs e placares.
- Chefes com padrões claros, mas agressivos; aprende-se apanhando, no bom estilo arcade.
Recepção na época
Na mídia de 1996–1997, o jogo foi bem recebido pela velocidade, co-op e variedade de armas, sendo frequentemente elogiado como um dos beat ‘em ups 3D mais divertidos do período. As críticas recaíam sobre:
- Campanha curta no console.
- Visual inferior ao arcade e alguns serrilhados/clipping. Ainda assim, a diversão imediata pesou mais: nas revistas, era recomendação quase obrigatória para jogar a dois.
Como se destacou — e por que foi “um dos últimos do gênero” a brilhar
No meio da transição para 3D, muitos beat ‘em ups perderam identidade ou ficaram truncados. Die Hard Arcade acertou o passo ao:
- Priorizar fluidez: controles simples, resposta rápida, lutas que “cantam”.
- Injetar espetáculo: QTEs, armas absurdas e set-pieces de ação.
- Valorizar o co-op: a experiência a dois é onde ele realmente brilha.
Pouco depois, o gênero foi engolido por hack-and-slash 3D e action-adventures mais elaborados. Por isso, o jogo ganhou aura de canto do cisne: um beat ‘em up 3D arcade que funciona e ficou na memória.
Curiosidades da versão Saturn
- Inclui um minigame clássico (Deep Scan) para ganhar créditos extras.
- Modo para 2 jogadores em toda a campanha, com drop-in simples.
- Carregamentos curtos entre salas; dá para respirar sem quebrar o ritmo.
Vale jogar hoje?
Sim, especialmente em co-op. A campanha é curta, mas repetível, o humor ainda funciona e a pancadaria continua satisfatória. Se você gosta de arcade raiz ou quer ver QTEs antes de virarem moda, é parada obrigatória.
Veredito
Um clássico de fliperama bem traduzido para o Saturn: simples, explosivo e com personalidade. Sofre do envelhecimento natural do 3D inicial, mas compensa com ritmo, variedade e cooperação. Para quem curte pancadaria sem enrolação, é essencial, e um registro de como o gênero se despedia em grande estilo.
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