Lançado em 1993 pela Cyan Worlds, Myst é um dos jogos mais icônicos e influentes da década de 90. Com uma proposta ousada e distante dos padrões da época, o título conseguiu revolucionar a forma como os videogames podiam contar histórias, explorando gráficos pré-renderizados, ambientação imersiva e uma jogabilidade contemplativa.
Inovações
Myst se destacou imediatamente por sua abordagem única. Enquanto a maioria dos jogos do início dos anos 90 apostava em ação frenética, o título trouxe um ritmo lento e enigmático, mais próximo de uma experiência interativa do que de um jogo tradicional.
O uso de cenários pré-renderizados, criados em softwares de modelagem 3D, foi uma das grandes inovações técnicas. Cada tela parecia uma pintura digital, carregada de detalhes, que transportava o jogador para um mundo misterioso. Além disso, o jogo foi um dos grandes responsáveis pela popularização do CD-ROM, explorando sua capacidade de armazenamento para oferecer gráficos de alta qualidade, som ambiente envolvente e vídeos em full motion.
Gráficos
Na época, os gráficos de Myst eram impressionantes. Os cenários estáticos transmitiam um realismo nunca antes visto nos PCs, com texturas detalhadas e ambientes variados que iam desde florestas misteriosas até construções enigmáticas em ilhas e mundos paralelos.
Apesar de estáticos, os visuais transmitiam uma atmosfera única, reforçando a sensação de isolamento e mistério. Muitos jogadores se lembram da sensação de “estar dentro de um quadro interativo”, algo inédito no período.
Som
A trilha sonora, composta por Robyn Miller, foi outro ponto alto. A música em Myst não era constante; em vez disso, surgia em momentos pontuais, reforçando a atmosfera e a tensão. O destaque, porém, estava nos efeitos sonoros e no uso do silêncio. Cada barulho de porta, engrenagem ou passo ecoava no ambiente, aumentando a imersão e deixando o jogador sempre atento.
Esse design de som minimalista mas estratégico foi essencial para criar a atmosfera contemplativa e misteriosa que marcou a experiência.
Jogabilidade
A jogabilidade de Myst era baseada em exploração e resolução de puzzles. O jogador controlava um protagonista sem nome em primeira pessoa, navegando entre telas estáticas e interagindo com objetos para desvendar os mistérios do universo apresentado.
Os puzzles eram desafiadores e exigiam lógica, paciência e atenção aos detalhes. Não havia guias ou dicas claras, o que aumentava tanto a imersão quanto a frustração de alguns jogadores. Esse estilo mais lento e enigmático conquistou muitos, mas também afastou quem buscava ação imediata.
Recepção na Época
Myst foi um enorme sucesso de crítica e vendas. Chegou a ser, por muitos anos, o jogo de PC mais vendido de todos os tempos, até ser superado por The Sims. A crítica elogiou sua originalidade, seus gráficos deslumbrantes e a atmosfera única, embora alguns apontassem a lentidão e a falta de ação como limitações.
Ainda assim, Myst marcou época como um divisor de águas, mostrando que videogames poderiam ser experiências artísticas e narrativas, não apenas entretenimento rápido.
Veredito
Myst não é apenas um jogo, mas uma experiência interativa que desafiou as convenções da indústria em sua época. Com suas inovações gráficas, uso pioneiro do CD-ROM, design de som envolvente e jogabilidade focada em exploração e lógica, tornou-se um clássico absoluto.
Mais do que um sucesso comercial, Myst abriu caminho para uma nova forma de entender os videogames como mídia artística e narrativa, deixando um legado que ainda inspira desenvolvedores até hoje.