Lançado em 1996 para o sistema Neo Geo, Art of Fighting 3: The Path of the Warrior representou uma guinada inesperada e corajosa da SNK na sua clássica franquia de luta. Conhecido por seus personagens marcantes como Ryo Sakazaki e Robert Garcia, o terceiro capítulo da série decidiu abandonar o conforto do estabelecido para experimentar com novas mecânicas, visuais impressionantes e uma abordagem sonora refinada.
Uma nova direção na jogabilidade
Ao contrário de seus predecessores, Art of Fighting 3 implementa mudanças profundas na jogabilidade. A SNK optou por deixar de lado o estilo mais rígido e pesado típico dos jogos de luta 2D da época para adotar um sistema de combate mais fluido, técnico e próximo da simulação de artes marciais. É evidente a tentativa de se aproximar da proposta de jogos como Virtua Fighter e Tekken, com um foco maior em combos em cadeia, counters e esquivas.
O novo sistema de combo "Skill Projector" permite conectar ataques de forma mais orgânica, promovendo uma cadência rítmica que recompensa precisão e timing. O resultado é um jogo mais estratégico, onde cada personagem tem movimentos únicos que exigem estudo, tornando-o mais acessível para quem busca profundidade, ainda que menos imediato do que outros títulos da SNK.
Gráficos: um salto técnico impressionante
Mesmo dentro da biblioteca notoriamente rica do Neo Geo, Art of Fighting 3 se destaca como um dos jogos mais bonitos do sistema. Os sprites são incrivelmente grandes, detalhados e fluidos, com animações que beiram o exagero cinematográfico. O trabalho de rotoscopia, técnica onde os movimentos são baseados em filmagens reais, confere uma fluidez impressionante aos personagens, com transições suaves entre os golpes, quedas e reações.
Os cenários também chamam atenção, com profundidade, camadas e elementos dinâmicos que contribuem para a ambientação. Cada estágio parece cuidadosamente pintado à mão, com cores vibrantes e detalhes que resistem bem ao tempo.
Trilha sonora e efeitos sonoros
No departamento sonoro, Art of Fighting 3 mantém o padrão elevado da SNK. A trilha sonora aposta em temas com forte influência de jazz, fusion e funk, casando com o clima mais técnico e estilizado do jogo. As faixas são envolventes e ajudam a criar uma identidade sonora única, diferente dos tons mais épicos de Fatal Fury ou King of Fighters.
Os efeitos sonoros também merecem destaque: cada soco, chute ou impacto é acompanhado de sons graves e realistas, aumentando a sensação de peso e impacto. As vozes digitalizadas são claras e expressivas, dando vida aos personagens mesmo sem longas falas.
Veredito
Art of Fighting 3 pode ter dividido opiniões na época de seu lançamento, especialmente entre fãs mais tradicionais da franquia, mas é, sem dúvida, um dos títulos mais ambiciosos da SNK. Com um sistema de combate inovador, gráficos excepcionais e uma trilha sonora de personalidade, o jogo representa um experimento ousado que, embora tenha passado um pouco despercebido frente ao sucesso de outras séries da época, merece ser redescoberto e apreciado hoje.
Art of Fighting 3 é uma joia técnica do Neo Geo, que arrisca ao tentar algo diferente, e em muitos aspectos, acerta em cheio. Um jogo para quem aprecia inovação e estilo no gênero de luta.
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