Resident Evil (PS1) – O íncio e consolidação do survival horror

Lançado em 1996 para o PlayStation 1, Resident Evil foi o ponto de partida de uma das franquias mais icônicas da história dos videogames. Desenvolvido pela Capcom, o jogo não apenas marcou o início da série, como também ajudou a consolidar o gênero survival horror, misturando terror, estratégia, puzzles e ação de forma inédita na época.

Os bastidores e o criador por trás do terror

A mente criativa por trás de Resident Evil foi Shinji Mikami, um jovem diretor da Capcom que havia trabalhado anteriormente em jogos da linha Disney. Inspirado pelo obscuro jogo Sweet Home (de Famicom), também da Capcom, Mikami imaginou um novo título que levasse os jogadores ao limite da tensão.

Inicialmente, o projeto foi concebido como um remake moderno de Sweet Home, mas com o tempo, evoluiu para algo mais ambicioso, mesclando influências de filmes de terror como Romero’s Night of the Living Dead e elementos de mistério e sobrevivência. O nome original no Japão foi Biohazard, mas como esse nome já era registrado nos EUA, o jogo foi rebatizado como Resident Evil, em alusão à mansão onde se passa a maior parte da história.

Enredo: bem-vindo à Mansão Spencer

A história acompanha os membros da equipe S.T.A.R.S., que são enviados para investigar o desaparecimento de colegas nos arredores da misteriosa Mansão Spencer, localizada nos arredores de Raccoon City. Com dois protagonistas jogáveis, Chris Redfield e Jill Valentine,  os jogadores se deparam com criaturas bizarras, zumbis, experimentos genéticos e revelações sobre a sinistra corporação Umbrella.

A narrativa se destaca por seus momentos de tensão e surpresas, mesmo com a atuação dos dubladores sendo considerada "engraçadamente ruim",  algo que acabou virando um charme nostálgico com o tempo.

Gráficos: pré-renderizados e atmosfera sufocante

Para a época, Resident Evil trouxe uma inovação técnica notável: os cenários pré-renderizados. Em vez de mundos totalmente tridimensionais, os personagens se movimentavam sobre imagens estáticas ricas em detalhes, o que permitia uma ambientação mais realista dentro das limitações do hardware do PS1.

As câmeras fixas, que alternavam de ângulo conforme o personagem se movia, aumentavam a tensão, já que muitas vezes os inimigos surgiam de locais fora da visão do jogador. Essa escolha de design tornou a experiência mais claustrofóbica e imprevisível.

Som: entre o silêncio e o pânico

O som é um dos elementos mais marcantes do jogo. A trilha sonora, composta por Makoto Tomozawa e equipe, é minimalista, aparecendo apenas em momentos-chave, o que aumenta a imersão e o impacto dos sustos. Os efeitos sonoros, como os gemidos dos zumbis, o eco dos passos na mansão e o som de portas rangendo, criam uma atmosfera constante de ansiedade.

Apesar das críticas à dublagem em inglês, que soava artificial, ela acabou se tornando um elemento cult e memorável para os fãs.

Jogabilidade: medo e estratégia em cada canto

A jogabilidade de Resident Evil é marcada por seu estilo "tank control", onde os personagens giram sobre seu próprio eixo e depois se movem para frente, o que exigia um tempo de adaptação. A movimentação limitada, combinada com munição escassa, criava uma sensação de vulnerabilidade constante, exatamente o que Mikami queria.

Além do combate, o jogo exigia resolver enigmas, encontrar chaves, administrar recursos e salvar o progresso em máquinas de escrever com fitas limitadas, outro fator que aumentava a tensão.

Legado e importância

Resident Evil não só definiu o gênero survival horror, como também pavimentou o caminho para inúmeros sucessores e inspirou diversos jogos e filmes. Seu sucesso foi tão grande que gerou várias continuações, remakes (incluindo um excelente remake para o GameCube em 2002 e posteriormente para outras plataformas), além de ter dado origem a uma franquia multimídia de alcance global.

Veredito 

Resident Evil para PS1 é um marco histórico dos videogames. Seus gráficos inovadores, atmosfera sufocante, jogabilidade desafiadora e narrativa envolvente mostraram que jogos de terror podiam ser mais do que apenas sustos, eles podiam contar uma boa história e criar experiências inesquecíveis. Mesmo décadas depois, o primeiro Resident Evil ainda é lembrado com carinho (e arrepios) pelos fãs.

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