Doom (SNES) – 1995 - A Batalha Contra o Inferno no Super Nintendo

 

Lançado originalmente em 1993 para PCs, Doom rapidamente se tornou um marco dos jogos de tiro em primeira pessoa, redefinindo o gênero e influenciando gerações. Mas em 1995, a id Software surpreendeu ao trazer esse ícone sangrento para o Super Nintendo, um console que, à primeira vista, parecia longe de ter o poder necessário para rodar tamanha brutalidade gráfica e sonora. O resultado? Uma versão tecnicamente curiosa, ousada e, acima de tudo, histórica.


Lançamento e o Desafio Técnico

O Doom para SNES foi lançado em setembro de 1995, no fim do ciclo de vida do console. Desenvolvido pela Sculptured Software e publicado pela Williams Entertainment, essa versão chamou atenção por um motivo técnico interessante: para tornar o jogo possível no SNES, foi utilizado o Super FX 2, um chip especial embutido no cartucho. Esse chip já era conhecido por jogos como Star Fox e permitia renderizar gráficos poligonais e efeitos avançados em um hardware que, por si só, não teria força suficiente para processar Doom em tempo real.


Gráficos: Superando Limites com o Super FX 2

Graficamente, Doom no SNES é um milagre técnico. Considerando as limitações do console, conseguir rodar o jogo com mapas relativamente fiéis ao original e com uma taxa de quadros minimamente aceitável foi uma conquista. No entanto, o visual sofreu perdas: os inimigos são representações em sprites planos com pouca animação, e os ambientes perderam detalhes e iluminação dinâmica. A resolução também é bem baixa, o que pode causar confusão visual em ambientes mais movimentados.



Ainda assim, é impressionante ver como o Super FX 2 possibilitou a recriação do universo de Doom, mesmo que simplificado. Ver o icônico Cacodemon ou explorar os corredores escuros do UAC em um SNES era algo impensável até então.

Jogabilidade: Reconhecível, mas Comprometida

A jogabilidade de Doom no SNES tenta seguir a essência do original, mas esbarra nas limitações de controle e processamento. Com apenas alguns botões disponíveis, o mapeamento dos comandos exigiu adaptações. Mirar, andar, atirar e trocar armas é possível, mas longe da fluidez da versão de PC.


Além disso, a taxa de quadros baixa (geralmente abaixo de 15fps) torna o combate menos responsivo, e a movimentação parece mais “trancada”. A inteligência artificial dos inimigos também foi simplificada, resultando em combates menos desafiadores. Ainda assim, o design dos mapas foi surpreendentemente preservado, com os labirintos e chaves coloridas que os fãs já conheciam.

Som: Um Esforço Notável, Mas Limitado

A trilha sonora de Doom é uma das mais icônicas da história dos jogos, com influências diretas de bandas como Metallica e Slayer. No SNES, as músicas foram recriadas usando o chip de som do console, com resultados mistos. Algumas faixas mantêm o clima pesado e metálico, enquanto outras soam abafadas e perdem impacto. Os efeitos sonoros são funcionais, mas repetitivos, e a ausência de vozes ou gritos mais detalhados tira um pouco da atmosfera agressiva do original.

Comparação com o Doom de PC

Naturalmente, comparar Doom do SNES com o original de PC é injusto do ponto de vista técnico, mas essencial para entender a ambição do projeto. A versão de PC oferecia gráficos mais nítidos, jogabilidade fluida, trilha sonora com qualidade superior e controles precisos. Já no SNES, o jogo é mais uma demonstração de força de vontade do que uma alternativa real.

Ainda assim, para os fãs da época que só tinham acesso ao SNES, essa versão de Doom foi uma oportunidade de experimentar um clássico — mesmo que de forma diluída.

Conclusão

Doom para Super Nintendo não é a forma definitiva de jogar esse clássico, mas é uma versão que merece respeito. Ela representa um esforço técnico admirável e ousado, colocando um jogo extremamente exigente em um hardware que parecia totalmente inadequado. Apesar das limitações, é possível reconhecer a alma de Doom ali — e isso, por si só, já é uma vitória.

Se você é fã da série ou entusiasta da história dos videogames, vale a pena conferir essa versão como curiosidade e marco técnico. Doom no SNES é menos sobre perfeição e mais sobre possibilidade.

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