Lançado originalmente nos arcades em 1989 pela SEGA, Golden Axe rapidamente se tornou um dos beat 'em ups mais populares da época, com sua temática de fantasia medieval e jogabilidade cooperativa. Pouco tempo depois, a SEGA tratou de adaptar o título para seus consoles caseiros, e em 1990 chegou ao Master System uma versão corajosa e tecnicamente engenhosa do clássico. Apesar das limitações evidentes do console de 8 bits, o resultado é digno, para não considerarmos como um milagre técnico.
Lançamento e Contexto
A versão de Golden Axe para o Master System foi lançada em 1990, em meio à popularidade crescente do console da SEGA no Ocidente. Com a missão de levar a experiência arcade para um público doméstico mais amplo, essa adaptação foi uma das muitas tentativas da SEGA de mostrar a força do Master System em um mercado dominado pelo NES.
Limitações Técnicas e Soluções Criativas
O Master System, embora mais potente que o NES em alguns aspectos, ainda era um console de 8 bits, muito inferior ao hardware do arcade original baseado na placa System 16. A transição de um jogo que usava múltiplos planos de scroll, sprites grandes e efeitos sonoros ricos para um sistema com limitações gráficas e sonoras significativas foi um desafio.
Uma das soluções mais interessantes adotadas pela equipe de desenvolvimento foi o uso de "cenários como sprites". Em vez de utilizar o plano de fundo tradicional para os cenários, os programadores converteram partes do cenário em sprites, basicamente, objetos móveis, permitindo maior liberdade para representar detalhes visuais, como árvores e colunas, que no Master System seriam difíceis de renderizar com os tiles limitados do plano de fundo.
Essa técnica, embora engenhosa, teve um custo: menos inimigos simultâneos na tela e algumas simplificações nos detalhes gráficos e na complexidade das animações.
A solução também sacrificou muito da velocidade do jogo e do sistema de colisão, que foram diretamente impactados.
Gráficos
Para um jogo de Master System, Golden Axe apresenta gráficos competentes. Os personagens são menores e menos detalhados do que nos arcades, mas ainda assim reconhecíveis. Os cenários, apesar de mais simples, conseguem manter o clima de fantasia sombria característico da série. A técnica dos cenários como sprites garantiu certa riqueza visual, mesmo com a paleta limitada do console.
Som
O som é um dos pontos mais sacrificados da versão. A trilha sonora icônica do arcade foi drasticamente reduzida, com músicas simples e pouco impactantes. Os efeitos sonoros são básicos, mas cumprem o papel dentro do possível. Faltam os gritos e sons mais complexos das versões de arcade e Mega Drive, o que é compreensível diante do chip sonoro mais limitado do Master System.
Jogabilidade
A jogabilidade é simplificada, e uma das ausências mais sentidas é o modo multiplayer, que foi removido. O jogador assume apenas o papel de Ax Battler, o bárbaro, deixando de lado a possibilidade de escolher Tyris Flare ou Gilius Thunderhead, mas para suprir esssa ausência, você pode escolher antes de iniciar, os poderes equivalentes desses personagens ausentes.
Ainda assim, a mecânica de ataque, pulo e uso de magia está presente, com boa resposta nos controles. A dificuldade é um pouco mais branda do que no arcade, mas o jogo ainda exige atenção nos combates e posicionamento estratégico contra inimigos.
Veredito
Golden Axe para Master System é uma verdadeira aula de adaptação e criatividade técnica. Mesmo diante de tantas limitações, os desenvolvedores conseguiram entregar uma versão funcional e divertida de um dos maiores clássicos dos fliperamas. Embora a ausência do multiplayer e a simplificação gráfica sejam notáveis, é inegável o esforço colocado para manter o espírito original do jogo.
Para os fãs do console ou curiosos por conversões de jogos entre gerações, essa versão é uma peça interessante da história dos videogames, um exemplo de como engenhosidade e paixão podem ultrapassar barreiras técnicas.
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