Super Mario RPG (Super Nintendo) – Uma Jornada Mágica no Mundo dos RPGs


Lançado em 1996, o icônico Super Mario RPG: Legend of the Seven Stars marcou um momento histórico tanto para a Nintendo quanto para a SquareSoft (atualmente Square Enix). Esta união improvável entre a criadora do encanador mais famoso do mundo e a gigante dos RPGs japoneses resultou em um dos jogos mais cativantes e inovadores do Super Nintendo.


A União Nintendo + Square

A parceria entre Nintendo e Square foi surpreendente e ousada. Até então, Mario era sinônimo de jogos de plataforma, enquanto a Square era referência em RPGs tradicionais como Final Fantasy. Juntas, as empresas criaram algo único: um RPG com toda a leveza e charme do universo Mario, aliado à profundidade e mecânicas dos RPGs japoneses. O resultado foi um jogo acessível para iniciantes, mas com conteúdo suficiente para agradar veteranos do gênero.



Jogabilidade

Super Mario RPG apresenta uma jogabilidade híbrida que mistura elementos de exploração e batalhas por turnos. Os combates são dinâmicos: o jogador pode pressionar botões no tempo certo para aumentar o dano ou se defender melhor, tornando as lutas mais interativas do que em outros RPGs da época.


Além disso, o sistema de progressão é simples e intuitivo. É possível montar um time com personagens icônicos como Mario, Bowser, Peach, Mallow e Geno, cada um com habilidades e estilos de luta distintos. A dificuldade é equilibrada, o que torna o jogo uma excelente porta de entrada para o mundo dos RPGs.

Gráficos

Os gráficos são um show à parte. Utilizando gráficos pré-renderizados em estilo isométrico, Super Mario RPG foi um dos títulos mais belos do SNES. Os personagens têm um visual arredondado e colorido, fiel ao estilo Nintendo, mas com uma profundidade visual surpreendente para a época. Os cenários são variados e repletos de pequenos detalhes que enriquecem a ambientação.


Som

A trilha sonora, composta por Yoko Shimomura, é memorável. As músicas vão de faixas alegres a temas épicos e misteriosos, sempre casando perfeitamente com a atmosfera dos ambientes e situações do jogo. Os efeitos sonoros também merecem destaque, mantendo a essência cartunesca de Mario com pitadas de drama típicas dos RPGs.

Enredo

O enredo começa com o tradicional sequestro da Princesa Peach por Bowser, mas rapidamente toma um rumo inesperado quando uma espada gigante chamada Exor cai do céu, destruindo o castelo de Bowser e liberando um novo inimigo: Smithy, que deseja dominar o mundo criando armas vivas.


Mario se junta a novos aliados – como o adorável Mallow e o misterioso Geno – em uma missão para recuperar as Sete Estrelas Lendárias e restaurar a paz. O enredo mistura humor, emoção e fantasia em uma narrativa surpreendentemente profunda para um jogo com o nome "Mario" no título.

Uma Introdução Perfeita aos RPGs

Super Mario RPG é muitas vezes recomendado como o melhor RPG para iniciantes. Isso se deve à sua acessibilidade, ambientação amigável, ritmo agradável e curva de aprendizado suave. O jogo ensina mecânicas fundamentais do gênero de forma intuitiva, sem ser excessivamente complexo.

Veredito

Super Mario RPG: Legend of the Seven Stars é um clássico atemporal que uniu duas potências dos videogames e ofereceu uma experiência única no Super Nintendo. Com seu visual encantador, trilha sonora inesquecível, jogabilidade cativante e história envolvente, ele continua sendo uma porta de entrada ideal para o universo dos RPGs, além de uma joia obrigatória para qualquer fã de Mario.

Sonic the Hedgehog 2 – A Evolução do Azul mais Rápido dos Games

Lançado em 1992 para o Mega Drive, Sonic the Hedgehog 2 não só consolidou o mascote da Sega como um dos ícones dos videogames, como também levou a série a um novo patamar. Com gráficos refinados, jogabilidade aprimorada e uma trilha sonora inesquecível, o jogo tornou-se um dos títulos mais emblemáticos da era 16-bits.

Gráficos: Um Salto Visual de Alta Velocidade

Comparado ao primeiro jogo, Sonic 2 apresentou gráficos ainda mais coloridos, detalhados e variados. As fases são vibrantes e carregadas de personalidade, indo desde as colinas ensolaradas de Emerald Hill Zone até os cenários industriais de Chemical Plant Zone. O design dos inimigos também foi aprimorado, trazendo robôs mais variados e criativos, fruto do trabalho de Yuji Naka e da equipe da Sonic Team.

A animação de Sonic foi refinada, com maior fluidez nos movimentos e reações visuais mais expressivas. O jogo explorou bem as capacidades do Mega Drive, entregando um visual que rivalizava com o que de melhor existia na época.

Jogabilidade: Velocidade com Inovação

A essência da jogabilidade manteve-se fiel: correr em alta velocidade por fases cheias de plataformas, armadilhas e caminhos alternativos. Mas Sonic 2 trouxe melhorias significativas:

  • Spin Dash: uma das maiores adições ao gameplay, o movimento permite que Sonic ganhe impulso parado, tornando a ação ainda mais dinâmica.
  • Tails, o parceiro voador: a introdução de Miles "Tails" Prower adicionou um modo cooperativo inovador para dois jogadores – mesmo que o segundo controle tivesse limitações, a ideia era ousada para o período.
  • Fases bônus em 3D: as fases especiais traziam um visual pseudo-3D e uma proposta diferente, desafiando o jogador a coletar anéis para ganhar as Esmeraldas do Caos. Um show técnico dentro do hardware do Mega Drive.

O controle é preciso, e a curva de dificuldade é bem equilibrada, oferecendo diversão tanto para iniciantes quanto para veteranos.

Som: Trilha Inesquecível

A trilha sonora de Sonic 2, composta por Masato Nakamura, é simplesmente lendária. Cada zona possui temas únicos, que capturam perfeitamente a atmosfera das fases – seja o ritmo acelerado da Chemical Plant ou a serenidade da Aquatic Ruin.

Os efeitos sonoros são marcantes: o giro de Sonic, a coleta de anéis, os saltos e explosões têm uma identidade sonora clara e cativante, complementando a ação frenética na tela.

Veredito : Um Clássico Atemporal

Sonic the Hedgehog 2 não é apenas uma sequência digna, é uma evolução. O jogo expandiu as ideias do original com mais fases, um parceiro carismático, movimentos inéditos e uma apresentação audiovisual refinada. É, até hoje, um dos jogos mais celebrados do Mega Drive e uma peça fundamental na história da Sega.

Para fãs de plataforma, é uma experiência obrigatória. Para os nostálgicos, é um lembrete do que tornou os anos 90 uma era mágica nos videogames.

Gunstar Heroes (Mega Drive) – A Obra-Prima Explosiva da Treasure



Lançado em 1993 para o Sega Mega Drive, Gunstar Heroes é um daqueles jogos que marcaram época e ajudaram a definir o potencial técnico e criativo da plataforma da Sega. Desenvolvido pela Treasure, um estúdio japonês fundado por ex-funcionários da Konami, o título foi uma verdadeira declaração de intenções: originalidade, ação frenética e um espetáculo audiovisual que poucos imaginavam ser possível no console 16-bit.

Lançamento e Contexto

Gunstar Heroes chegou ao mercado em um momento em que o gênero de ação/plataforma estava repleto de concorrência, com nomes como Contra, Metal Slug e outros dominando os fliperamas e consoles. No entanto, o jogo da Treasure não só enfrentou os gigantes, como conseguiu se destacar com um estilo próprio. Publicado pela Sega, o título estreou primeiramente no Japão e rapidamente se tornou um cult classic no Ocidente, conquistando fãs pela jogabilidade inventiva e ritmo acelerado.

Jogabilidade

O ponto mais marcante de Gunstar Heroes é, sem dúvida, sua jogabilidade fluida, intensa e versátil. Os jogadores podem escolher entre dois modos de tiro (fixo ou em movimento) e combinar quatro tipos de armas diferentes, flame, laser, chaser e force, criando diversas combinações de ataque, o que adiciona variedade e estratégia ao tiroteio desenfreado.

Outro destaque é a possibilidade de cooperativo para dois jogadores, elevando ainda mais a diversão com caos coordenado na tela. O design dos chefes também é memorável, com batalhas criativas, cheias de fases e padrões de ataque variados.

Gráficos

Visualmente, Gunstar Heroes é um espetáculo técnico para o Mega Drive. A Treasure soube tirar proveito máximo do hardware, com sprites grandes, animações suaves, efeitos de rotação e escalonamento raramente vistos no console. O uso de cores é vibrante e a direção de arte mistura ficção científica, robôs gigantes e mundos variados com um estilo quase cartunesco, mas sempre dinâmico e cheio de identidade.

Som e Trilha Sonora

A trilha sonora composta por Norio Hanzawa é energética, marcante e acompanha o ritmo do jogo com perfeição. Os efeitos sonoros são variados e impactantes, dando peso às explosões e aos tiros que tomam conta da tela. Mesmo com as limitações sonoras do Mega Drive, Gunstar Heroes entrega um áudio de altíssima qualidade que ajuda a construir a atmosfera frenética e divertida.

Importância e Legado

Gunstar Heroes é frequentemente citado como um dos melhores jogos do Mega Drive e um dos maiores representantes do gênero run and gun. Para a Treasure, foi uma estreia brilhante que estabeleceu o estúdio como sinônimo de inovação e excelência técnica.

As trilhas de Gunstar Heroes está disponível em streaming

Para a Sega, o título foi mais uma prova de que o Mega Drive podia competir de igual para igual com o Super Nintendo em criatividade e desempenho técnico. Mesmo anos depois de seu lançamento, Gunstar Heroes continua sendo referência em design de jogos e ainda aparece em coletâneas, relançamentos digitais e listas de "melhores de todos os tempos".

Conclusão

Gunstar Heroes é um clássico absoluto, que combina ação frenética, gráficos espetaculares e uma trilha sonora inesquecível. Um título obrigatório para qualquer fã de jogos retrô e uma verdadeira joia do Mega Drive. A estreia da Treasure foi nada menos que explosiva — e permanece brilhando décadas depois.

Winning Eleven 3 Final Version – A Obra-Prima do Futebol Virtual no PS1

Lançado exclusivamente no Japão em 1998 para o PlayStation 1, Winning Eleven 3: Final Version (também conhecido como World Soccer: Jikkyou Winning Eleven 3 Final Version) é um marco na história dos jogos de futebol eletrônicos. Desenvolvido pela Konami, esse título representa a evolução definitiva da terceira edição da série Winning Eleven, sendo considerado por muitos fãs como um dos melhores jogos de futebol da era 32 bits.

Lançamento Exclusivo no Japão

Embora nunca tenha recebido um lançamento oficial fora do Japão, o jogo se espalhou como febre por diversos países, principalmente no Brasil, onde se tornou um clássico das locadoras e reuniões entre amigos. A ausência de uma versão ocidental não impediu que jogadores ao redor do mundo o adotassem, em parte graças às traduções caseiras e patchs de times brasileiros feitos por fãs, popularizando a versão "pirata" que circulava em CDs gravados.



Melhorias em Relação à Versão Original

A Final Version foi uma revisão direta do Winning Eleven 3 original, lançado alguns meses antes. Nela, a Konami aprimorou diversos aspectos técnicos e adicionou novas opções, incluindo:

  • Atualização dos elencos e uniformes para refletir a Copa do Mundo de 1998.
  • Melhor equilíbrio na jogabilidade, reduzindo falhas de inteligência artificial e melhorando o controle dos jogadores.
  • Novas animações e refinamento gráfico, especialmente nas movimentações e nos goleiros.
  • Maior responsividade, o que tornava a experiência muito mais fluida do que nas versões anteriores.


Jogabilidade: Um Salto à Frente

Um dos pontos mais marcantes de Winning Eleven 3: Final Version é a sua jogabilidade. Mesmo com as limitações técnicas do PS1, o jogo entrega um futebol com toque de bola realista, movimentação dos jogadores muito mais precisa e jogadas que exigem estratégia.

Era possível notar variações entre estilos de jogo, características únicas de jogadores e a importância da formação tática. Pela primeira vez em um jogo da série, chutes de longa distância podiam realmente surpreender os goleiros, e dribles bem executados faziam diferença. 

Gráficos e Som

Para um jogo de 1998, os gráficos eram impressionantes. A modelagem dos jogadores, ainda que simples, trazia uma identidade visual melhorada, com uniformes reconhecíveis e animações mais naturais.

O som, por sua vez, também ganhou destaque. A trilha sonora dos menus era envolvente, e os efeitos de torcida, apitos e sons de impacto transmitiam a emoção de um estádio cheio. A narração, ainda que em japonês, adicionava autenticidade à experiência.

Sucesso no Brasil: Muito Além do Original

Apesar de ser um título exclusivo do Japão, Winning Eleven 3 Final Version conquistou o coração dos brasileiros. Isso se deve, em grande parte, ao esforço das comunidades que criaram versões modificadas com times nacionais, jogadores reais e narração em português. Era comum encontrar CDs com "Brasileirão 99", "Winning Eleven Corinthians Edition" e outros mods criativos nas feiras e camelôs.

O jogo se tornou sinônimo de diversão em grupo, com torneios informais em locadoras e disputas acirradas entre amigos. Ele foi, para muitos brasileiros, o primeiro contato com a série que mais tarde se tornaria o famoso Pro Evolution Soccer.

Veredito

Winning Eleven 3 Final Version não é apenas mais um jogo antigo, ele é um ícone da geração PlayStation 1 e um divisor de águas nos games de futebol. Seu sucesso no Japão pavimentou o caminho para os lançamentos globais da série, enquanto no Brasil, consolidou a paixão dos jogadores pela franquia Winning Eleven.

Mesmo décadas após seu lançamento, o jogo ainda é lembrado com carinho por quem viveu aquela época. E com justiça: poucos títulos conseguiram unir tanta técnica, emoção e diversão em um console de 32 bits como esse.


Pitfall! – 1982 - Um Tesouro do Atari 2600

Lançado em 1982 pela Activision e criado pelo lendário David Crane, Pitfall! rapidamente se tornou um dos jogos mais icônicos do Atari 2600, sendo um dos primeiros grandes sucessos third-party e pavimentando o caminho para o gênero de plataforma nos videogames.

Lançamento e Contexto Histórico

No início dos anos 80, os jogos ainda eram simples em mecânica e visual. Então, quando Pitfall! chegou ao mercado, ele surpreendeu por seu nível de complexidade, objetivo definido e estrutura de fases, se destacando entre os inúmeros títulos mais repetitivos da época. Em um tempo onde jogos frequentemente não tinham "final", Pitfall! se tornou uma raridade ao oferecer um objetivo claro: coletar 32 tesouros em 20 minutos.

Gráficos

Para os padrões do Atari 2600, Pitfall! era visualmente impressionante. A tela mostrava o personagem Harry correndo por uma selva com árvores, troncos rolando, crocodilos, buracos e lianas. Embora simples hoje, os gráficos apresentavam diferenciação clara de obstáculos, movimento suave e até mudanças de cenário (superfície e subterrâneo), algo raro na plataforma. A arte pixelada tinha carisma e transmitia uma sensação real de aventura.

Som

O som em Pitfall! é minimalista, mas eficaz. Não há trilha sonora contínua, algo comum na época, mas os efeitos sonoros são marcantes: o som do pulo na corda, o barulho dos crocodilos e os ruídos dos obstáculos dão um toque de tensão e ajudam a criar o ambiente da selva. Um destaque divertido é o efeito sonoro da corda, que imita o famoso grito de Tarzan, um detalhe simples, mas memorável.

Jogabilidade

A jogabilidade é o que fez de Pitfall! um marco. O jogador controla Pitfall Harry e deve correr, pular, escalar e descer escadas para encontrar os tesouros. Os comandos são precisos, e o desafio é equilibrado: exige reflexos, memorização de padrões e um bom senso de direção. Com 255 telas interconectadas e várias formas de seguir caminhos (inclusive subterrâneos), Pitfall! trazia uma estrutura quase labiríntica, incentivando a exploração.

Importância no Gênero

Pitfall! é considerado um dos precursores do gênero plataforma, inspirando diretamente franquias como Super Mario Bros. e muitos outros jogos que viriam a definir os anos 80 e 90. Ele mostrou que jogos poderiam ter objetivos claros, progressão real e final, algo inovador na era Atari. Sua influência é inegável na evolução do design de games.

Um Fim no Atari 2600?

Uma das maiores curiosidades sobre Pitfall! é que ele é um dos pouquíssimos jogos do Atari 2600 que possuem um fim real. Se o jogador conseguir coletar todos os 32 tesouros antes do tempo acabar (em 20 minutos), ele vence o jogo. Isso ia contra a filosofia dos jogos infinitos e de "pontuação máxima" da época, dando ao jogador uma sensação real de conclusão e recompensa.

Veredito

Pitfall! é mais do que um jogo retrô, é um marco da história dos videogames. Com gráficos acima da média para o Atari, som eficiente, jogabilidade desafiadora e um objetivo inovador para a época, ele conquistou milhões e permanece relevante como símbolo da criatividade e inovação no início da indústria dos jogos.

Se você é fã de retrogames ou quer entender as raízes dos jogos de plataforma modernos, Pitfall! é uma verdadeira relíquia que merece ser (re)descoberta.


Streets of Rage (Mega Drive) – 1991 - O clássico absoluto da era 16-bits da SEGA

 

Lançado em 1991 para o Mega Drive (Genesis, nos EUA), Streets of Rage foi uma resposta direta da SEGA ao sucesso de Final Fight da Capcom, trazendo para os consoles domésticos um beat ‘em up de qualidade que marcou uma geração. Desenvolvido internamente pela SEGA, o jogo rapidamente se consolidou como um dos maiores clássicos do gênero e um símbolo da era 16-bits.

Lançamento e impacto

Streets of Rage chegou ao mercado em um momento crucial: o Mega Drive estava ganhando força na guerra contra o Super Nintendo, e a SEGA precisava de títulos fortes e exclusivos. Com sua estética urbana, jogabilidade cooperativa e trilha sonora inconfundível, o jogo se destacou rapidamente entre os lançamentos da época. Ele não apenas consolidou o gênero beat ‘em up nos consoles, como também ajudou a definir a identidade "cool" da SEGA durante os anos 90.


Gráficos: sombrios, urbanos e estilizados

Para os padrões de 1991, Streets of Rage era visualmente impressionante. Os gráficos não apostavam tanto em extravagância ou cores vibrantes, mas sim em um estilo mais sombrio e urbano, que casava perfeitamente com a ambientação da história: uma cidade dominada pelo crime, onde três ex-policiais resolvem fazer justiça com as próprias mãos. Os cenários, que incluem ruas iluminadas por neon, becos, fábricas e até bares decadentes, criam uma atmosfera única e imersiva. Os sprites dos personagens são bem animados, com boas variações de inimigos e chefes memoráveis.

Jogabilidade: simples, viciante e cooperativa

O jogo é direto ao ponto: avance lateralmente e derrote todos os inimigos pelo caminho. Mas o que faz Streets of Rage brilhar é o seu polimento. Os controles são responsivos e intuitivos, permitindo combos simples, agarrões, voadoras e ataques especiais. Há também um sistema de chamada de apoio policial, que funciona como um "super" de tela cheia. O modo cooperativo para dois jogadores é um dos maiores atrativos, e tornou-se uma marca registrada da franquia. Jogar com um amigo lado a lado era (e ainda é) pura diversão.


Trilha sonora: o brilho de Yuzo Koshiro

A trilha de SoR está disponível no streaming

Se há um elemento que eleva
Streets of Rage ao status de obra-prima, é sua trilha sonora. Composta por Yuzo Koshiro, a música do jogo é uma verdadeira revolução sonora para os consoles da época. Koshiro combinou elementos de house, techno, electro e dance music – estilos que bombavam nas pistas dos anos 90 – e conseguiu algo inédito: transformar o chip de som do Mega Drive em uma verdadeira pista de dança digital. Faixas como “Fighting in the Street” e “The Last Soul” são memoráveis até hoje, e ainda figuram em playlists de retrogamers e DJs nostálgicos. É uma trilha que não apenas embala o jogo, mas define a sua identidade.

Legado: um ícone dos 16-bits

Streets of Rage não apenas deu origem a duas sequências diretas nos anos 90, como continuou vivo na memória dos fãs por décadas. Em 2020, Streets of Rage 4 foi lançado com grande sucesso, provando que a fórmula ainda funciona e que a base de fãs continua ativa. O primeiro jogo, no entanto, permanece especial: foi ele quem estabeleceu o tom, criou os personagens marcantes como Axel, Blaze e Adam, e nos apresentou à lendária trilha de Yuzo Koshiro.

Veredito 

Com gráficos estilizados, jogabilidade precisa e uma trilha sonora revolucionária, Streets of Rage é muito mais do que um simples beat ‘em up' é uma obra-prima atemporal do Mega Drive e um dos pilares da SEGA nos anos 90. Um clássico absoluto que merece ser revisitado, controlado a controlado, soco a soco, nota a nota.


Metal Gear Solid (PSX) – 1998: Um Marco na História dos Videogames

 

Lançado em 1998 para o primeiro PlayStation, Metal Gear Solid, criado por Hideo Kojima e desenvolvido pela Konami, não foi apenas mais um jogo de ação da época, foi um divisor de águas. Em uma era onde os jogos em 3D ainda engatinhavam, MGS se destacou por sua ambição cinematográfica, narrativa madura e jogabilidade inovadora. Este review revisita essa obra-prima que moldou os rumos do gênero stealth e elevou o padrão para storytelling nos games.

Lançamento e Impacto Inicial

Quando chegou às prateleiras, Metal Gear Solid foi imediatamente aclamado como uma revolução. Muitos jogadores esperavam um típico jogo de ação com tiroteios e explosões — mas receberam algo muito mais profundo. Com uma narrativa envolvente, personagens complexos e temas como guerra, genética e política, o jogo surpreendeu a todos.

O sucesso foi estrondoso: o jogo vendeu mais de 6 milhões de cópias e consolidou a franquia como uma das mais importantes da indústria. Além disso, elevou Kojima ao status de visionário no mundo dos games.

Gráficos: Limitações e Inovação

Para os padrões de hoje, os gráficos de Metal Gear Solid podem parecer simples, com personagens de rostos quase sem feições. No entanto, em 1998, o uso de ambientes em 3D, câmeras cinematográficas e transições suaves entre cenas jogáveis e cutscenes foi revolucionário.

Apesar das limitações do hardware do PS1, o design de ambientes como a ilha Shadow Moses era detalhado e atmosférico, contribuindo para a imersão. O uso inteligente de cores, luz e sombra ajudava a criar tensão constante, essencial para um jogo de espionagem.

Jogabilidade: O Nascimento do Stealth Moderno

MGS não foi o primeiro jogo de stealth, mas foi o primeiro a trazer esse conceito para o mainstream com tanta elegância. Esquivar-se de inimigos, usar o radar, se esconder em caixas e evitar confrontos diretos tornava cada missão um quebra-cabeça tenso e gratificante.

A jogabilidade promovia paciência, observação e estratégia. A IA dos inimigos, embora rudimentar hoje, era surpreendentemente responsiva para a época. Além disso, chefes como Psycho Mantis — que lia o controle do jogador, mostravam uma criatividade sem precedentes.

Som e Trilha Sonora: Atmosfera Cinematográfica

A trilha sonora composta por Takanari Ishiyama e outros membros da Konami Computer Entertainment Japan é memorável, pontuando perfeitamente os momentos de tensão, combate e drama emocional. O tema de abertura já remetia a filmes de espionagem clássicos.

O trabalho de dublagem (em inglês, com destaque para David Hayter como Solid Snake) elevou o jogo a um novo patamar. Era raro ver tanta atenção à atuação de voz em jogos da época, e MGS fez disso um de seus pilares.

Recepção e Legado

Na época de seu lançamento, Metal Gear Solid foi aclamado pela crítica e pelos jogadores. Recebeu notas máximas de diversas publicações e frequentemente aparece em listas de “melhores jogos de todos os tempos”. Muitos o consideram o jogo que mostrou ao mundo que videogames também podem contar histórias sérias e emocionantes, à altura de filmes e livros.

Mais importante ainda: ele redefiniu o que esperar de um jogo de ação. Sem MGS, provavelmente não teríamos Splinter Cell, Hitman, The Last of Us ou mesmo o foco narrativo que vemos em jogos modernos como Red Dead Redemption e God of War.

Veredito

Mesmo décadas após seu lançamento, Metal Gear Solid permanece como um dos pilares do game design moderno. Seu equilíbrio entre narrativa, jogabilidade e estilo cinematográfico moldou gerações de desenvolvedores e deixou uma marca indelével na cultura dos games.

Se você nunca jogou, vale a pena conferir — seja por curiosidade histórica ou pelo prazer de vivenciar uma das maiores obras de arte dos videogames. E se já jogou, revisitar Shadow Moses é sempre uma missão nostálgica e emocionante.


X-Men vs. Street Fighter (Arcade - CPS 2) – 1996 - O Início de Uma Era de Crossovers Épicos

Em 1996, a Capcom surpreendeu o mundo dos videogames ao lançar X-Men vs. Street Fighter nos arcades japoneses, marcando o primeiro capítulo da hoje lendária série "Versus". Unindo personagens dos populares quadrinhos da Marvel com os icônicos lutadores de sua consagrada franquia Street Fighter, a Capcom estabeleceu um novo paradigma para os jogos de luta, caótico, colorido e absolutamente empolgante.

A Gênese do Cross-Over: A Influência dos Títulos Anteriores

Antes de X-Men vs. Street Fighter, a Capcom já vinha experimentando o universo dos super-heróis em jogos de luta. Tudo começou com X-Men: Children of the Atom (1994), que trouxe os mutantes da Marvel em combates intensos com visuais vibrantes e uma jogabilidade inspirada em Street Fighter II, porém mais acelerada e acrobática. Em seguida, Marvel Super Heroes (1995) expandiu ainda mais esse estilo, introduzindo personagens além dos X-Men e mecânicas únicas como as "Infinity Gems".

Paralelamente, a série Street Fighter Alpha, também lançada na metade da década de 90, renovava a franquia de Ryu e companhia com visuais em estilo anime, combos aéreos e movimentos mais fluídos. Foi justamente essa convergência de ideias, a ação explosiva dos jogos Marvel e a técnica refinada de Alpha – que serviu de base para X-Men vs. Street Fighter.

Gráficos: Um Espetáculo de Cores e Animações

Visualmente, X-Men vs. Street Fighter foi um salto notável. Os sprites dos personagens eram grandes, ricamente detalhados e extremamente bem animados. Os X-Men mantiveram seu visual dos jogos anteriores, com Magneto, Wolverine, Storm e outros parecendo ter saído direto dos quadrinhos ou do desenho animado dos anos 90. Já os personagens de Street Fighter foram redesenhados para combinar com esse estilo, o que resultou em uma harmonia estética impressionante.

Os cenários também eram vibrantes, cheios de vida e com elementos em movimento, reforçando a sensação de um mundo super-heróico e exagerado, onde tudo era possível.

Jogabilidade: Onde o Caos se Torna Arte

A grande inovação de X-Men vs. Street Fighter foi o sistema "Tag Team": em vez de lutas um contra um, os jogadores escolhiam dois personagens e podiam trocá-los durante o combate. Isso adicionava uma camada estratégica nova e permitia combos combinados espetaculares. Os famosos "Hyper Combos" estavam mais frenéticos do que nunca, e com a mecânica de "Variable Combination", era possível ativar os especiais de ambos os personagens ao mesmo tempo, enchendo a tela de explosões, raios, chamas e energia pura.

Era um jogo rápido, acessível, e ainda assim técnico, especialmente para quem queria dominar os "air combos", "guard cancels", e infinitos (glitches que, curiosamente, se tornaram parte do charme competitivo do jogo).

Som: Uma Trilha e Efeitos de Impacto

A trilha sonora seguia o estilo animado e energético da Capcom da época, com faixas eletrônicas e temas remixados dos personagens de Street Fighter. Os efeitos sonoros, por sua vez, eram exagerados e satisfatórios – cada golpe tinha impacto, cada especial tinha um som único que dava peso ao movimento. As vozes dos personagens adicionavam personalidade às batalhas, com gritos icônicos como o “BERSERKER BARRAGE!” de Wolverine ou o clássico “SHORYUKEN!” de Ryu.



Impacto e Legado: O Começo de Uma Dinastia

O sucesso nos arcades foi instantâneo. Jogadores se encantaram com a ideia de ver Ryu enfrentando Cyclops, ou Chun-Li duelando com Rogue. Essa receptividade pavimentou o caminho para uma sequência de crossovers que se tornariam clássicos por mérito próprio:

  • Marvel Super Heroes vs. Street Fighter (1997)

  • Marvel vs. Capcom: Clash of Super Heroes (1998)

  • Marvel vs. Capcom 2 (2000)

  • Marvel vs. Capcom 3 (2011)

  • Ultimate Marvel vs. Capcom 3 (2011)

  • Marvel vs. Capcom: Infinite (2017)

Cada novo título expandiu o elenco, mecânicas e alcance, chegando a consoles domésticos e torneios de eSports ao redor do mundo. Mesmo décadas depois, X-Men vs. Street Fighter é lembrado com carinho por fãs e ainda é jogado em competições retrô.

Veredito

X-Men vs. Street Fighter não foi apenas um jogo de luta, foi um marco na cultura gamer. Ele ousou misturar universos e estabeleceu um estilo próprio, repleto de exagero, velocidade e diversão pura. É um jogo que ainda hoje, quase 30 anos depois, impressiona pelo seu carisma e pela ousadia criativa da Capcom.

Se você é fã de jogos de luta, de quadrinhos ou simplesmente da era de ouro dos arcades, revisitar X-Men vs. Street Fighter é revisitar um pedaço essencial da história dos videogames.

Super Star Soccer (SNES) - 1994: O Clássico Que Conquistou o Brasil e Virou Lenda

Lançado em 1994 pela Konami, o jogo International Super Star Soccer para Super Nintendo não foi apenas mais um título de futebol. Ele marcou uma geração, estabeleceu novos padrões para o gênero nos videogames e conquistou o coração dos brasileiros de forma única, inclusive através de versões "alternativas" que se tornaram ícones da pirataria nacional.

Um Lançamento de Peso

International Super Star Soccer (ISS) chegou ao SNES em um momento crucial: a popularidade do futebol estava em alta, especialmente após a conquista do tetra pela Seleção Brasileira naquele mesmo ano. Desenvolvido pela equipe da Konami Kobe, o jogo buscava oferecer uma experiência mais realista do que os arcade-style games da época, como Super Soccer e FIFA International Soccer.

Mesmo não possuindo licenças oficiais de clubes ou seleções, a Konami usou nomes fictícios parecidos com os reais (ex: “Rabon” para Rabanito) e uniformes similares, o que bastava para o jogador da época reconhecer seus ídolos.

Exclusividade e Inovação

O ISS foi exclusivo dos consoles da Nintendo durante seus primeiros anos. A versão para SNES se destacou por trazer gráficos polidos para a época, sprites bem desenhados e animações que davam vida às partidas. Cada jogador tinha uma aparência diferente, e os estádios, mesmo limitados pelo hardware, tinham identidade própria.

Além disso, o jogo trazia narração (em inglês), algo raro em jogos da época, e várias opções de câmera, clima e modos de jogo, incluindo amistosos, pênaltis e torneios internacionais.

Jogabilidade: Simples, Viciante e Precisa

A jogabilidade era seu maior trunfo. O controle fluía bem, com comandos intuitivos e respostas rápidas. O jogador podia fazer passes curtos, cruzamentos, chutes potentes, carrinhos e dribles, além de contar com uma barra de energia para determinar a força dos chutes. A IA também era competente, tornando as partidas desafiadoras.

Um detalhe que virou folclore: os goleiros "cuspindo fogo" em defesas cinematográficas, especialmente o lendário "Allejo", símbolo do futebol virtual no Brasil, apesar de ser um personagem genérico.

Trilha Sonora e Sons Icônicos

O som de ISS merece destaque. A trilha durante os menus era envolvente e empolgante, e os efeitos sonoros em campo, apito do juiz, torcida vibrando, chute da bola, e a narração criavam uma atmosfera imersiva. Muitos brasileiros até hoje têm esses sons guardados na memória afetiva.


O Brasil Abraça ISS: Pirataria e Sucesso

No Brasil, Super Star Soccer virou febre. E como era comum na época, isso também significava uma enxurrada de versões piratas, adaptadas por fãs e distribuídas em camelôs por todo o país.

As mais famosas delas:

  • Ronaldinho Soccer: Versão hackeada com Ronaldinho como estrela principal, e menus traduzidos de forma tosca (mas charmosa).
  • Campeonato Brasileiro 96/97: Com clubes brasileiros, nomes de jogadores como Romário e Edmundo, e narração adaptada.
  • Super Copa Libertadores: Com times sul-americanos e um toque regional.
  • Super Fútbol de las Estrellas: Adaptada para o público latino, com clubes argentinos e uruguaios.


Essas versões ganharam vida própria e, para muitos, são até mais memoráveis que o jogo original. Fizeram ISS atravessar gerações e consolidaram sua popularidade no país.

Legado

International Super Star Soccer é mais do que um jogo: é um pedaço da história dos videogames no Brasil. Ele abriu caminho para a franquia Pro Evolution Soccer e deixou um legado que se mantém vivo até hoje, seja nas lembranças nostálgicas ou em partidas revividas por emuladores.

Mesmo com a evolução gráfica e mecânica dos jogos modernos, ISS ainda é jogado e reverenciado. Afinal, como esquecer dos dribles de Allejo, dos gritos da torcida pixelada e dos gols de bicicleta com narração robótica?

Você também jogou Ronaldinho Soccer ou Campeonato Brasileiro de Super Nintendo? Qual era seu time ou jogador favorito? Compartilhe nos comentários!


The Last Blade (Neo Geo) - 1997

Lançado pela SNK em 1997, The Last Blade é uma joia atemporal dos jogos de luta 2D. Em meio ao reinado de títulos como Samurai Shodown e King of Fighters, este título chegou com uma proposta única: unir combate refinado com uma ambientação poética e dramática inspirada no Japão do final do período Edo. O resultado? Um dos jogos mais belos e técnicos já lançados no Neo Geo.

Lançamento

The Last Blade chegou aos fliperamas em 1997, sendo posteriormente lançado no console Neo Geo AES e no Neo Geo CD. Foi desenvolvido pela renomada SNK, que na época era sinônimo de qualidade em jogos de luta. Com sua proposta mais melancólica e cinematográfica, o jogo se destacou por fugir da fórmula "porradaria urbana" dominante da época, trazendo uma atmosfera quase filosófica.

Gráficos

Para um jogo de 1997 rodando em hardware lançado em 1990, The Last Blade é simplesmente espetacular. Os sprites são incrivelmente detalhados, com animações fluidas e cenários que parecem pinturas em movimento. Os fundos variam entre florestas outonais, lagos serenos e vilarejos tradicionais,  todos com efeitos sutis de clima e movimento que reforçam a ambientação histórica.

O uso de cores suaves e paletas equilibradas transmite uma aura melancólica, reforçada por pequenos detalhes como folhas caindo ou lanternas tremulando ao vento. É um verdadeiro trabalho de arte visual.

Jogabilidade

Aqui está o ponto onde The Last Blade realmente brilha. A mecânica é mais tática e precisa do que em outros títulos da SNK. Os jogadores escolhem entre dois estilos de luta: Speed, focado em combos rápidos e agilidade, e Power, que oferece ataques mais lentos, mas extremamente destrutivos.

O sistema de parry (repelir ataques), precursor do que seria visto em jogos como Street Fighter III, adiciona uma camada profunda de estratégia. O ritmo do jogo é mais cadenciado, ideal para jogadores que apreciam o tempo de reação e a leitura do oponente.

Cada personagem tem um estilo de combate único, com espadas, lanças ou até mesmo leques, o que aumenta a diversidade e a rejogabilidade.

Trilha Sonora e Efeitos Sonoros

A trilha sonora é um dos elementos mais marcantes de The Last Blade. Com composições que misturam instrumentos tradicionais japoneses e melodias emocionantes, ela ajuda a construir o tom introspectivo do jogo. As músicas de fundo são elegantes e, às vezes, até tristes, algo raro em jogos de luta da época.

Os efeitos sonoros também são excelentes, com sons de espadas se chocando, gritos intensos e o impacto dos golpes transmitindo uma sensação realista e visceral. A atenção aos detalhes é notável.

Veredito

The Last Blade é mais do que apenas um jogo de luta, é uma experiência estética e emocional. Seu equilíbrio entre arte e técnica, junto de uma jogabilidade refinada, o torna um dos melhores títulos já lançados para o Neo Geo. Mesmo décadas após seu lançamento, ainda é altamente jogável e admirado pela comunidade retro gamer.