Lançado em 1989 pela Namco, Phelios foi uma das apostas da empresa em expandir seu catálogo de shooters verticais, numa época em que o gênero dominava os fliperamas. Mas, ao contrário dos cenários futuristas de outros títulos da época, como Xevious ou Galaga, Phelios se destacou por trazer uma ambientação mitológica, onde o jogador assume o papel do deus Apolo montado em Pégaso, lutando para resgatar a deusa Ártemis das garras do temível Titã Tifão.
Mesmo com certa obscuridade, Phelios marcou presença nos arcades japoneses e em alguns fliperamas ocidentais, e posteriormente ganhou uma versão para Mega Drive. Mas como ele se sustenta como jogo de arcade? Vamos analisar.
Gráficos
Para a época, Phelios entrega visuais impressionantes nos primeiros estágios. Os cenários, criaturas mitológicas e efeitos de magia são coloridos, detalhados e transmitem bem o clima épico da aventura. Chefes como Medusa, Cérbero e Escila são grandes e expressivos, com animações fluídas e design marcante.
No entanto, essa qualidade gráfica decai nas fases finais, especialmente no confronto com Tifão, cujo cenário parece inacabado, com sprites simplificados e paleta de cores pobre, destoando bastante do capricho inicial. Ainda assim, o estilo artístico ousado para um shooter, inspirado na Grécia Antiga, continua sendo um dos maiores méritos do jogo.
Som e Trilha Sonora
A trilha sonora de Phelios é orquestral, empolgante e atmosférica, dando um tom grandioso à jornada. As músicas variam entre o dramático e o heroico, com destaque para as faixas dos chefões, que contribuem para a tensão nos momentos decisivos.
Por outro lado, os efeitos sonoros são simples, com disparos e explosões pouco impactantes. As cutscenes entre as fases contam com falas digitalizadas, mas com vozes robóticas e entonação exagerada, o que acaba soando mais engraçado do que épico, ainda que isso adicione um charme kitsch ao pacote.
Jogabilidade
A base de Phelios é a tradicional do gênero shoot ‘em up vertical: enfrentar ondas de inimigos enquanto se desvia de tiros. A grande diferença está no sistema de “charge shot”, onde o jogador segura o botão de ataque para lançar um poderoso feixe de energia. Isso cria um ritmo de jogo mais tático, exigindo precisão e tempo, ao invés de apenas atirar freneticamente.
O jogo conta com 7 fases, cada uma finalizada com um chefe inspirado na mitologia grega. O desafio é bem calibrado nas primeiras fases, mas cresce abruptamente no final, com inimigos mais resistentes e padrões de ataque complexos. A batalha contra o chefão final, Tifão, é particularmente difícil e exige muito treino, o que pode frustrar jogadores casuais.
Criatividade e Ambientação
O grande diferencial de Phelios está na ambientação mitológica. Ver deuses gregos, monstros clássicos e um enredo digno de epopeia dentro de um shooter vertical era algo inédito na época. As cutscenes entre as fases ajudam a criar uma narrativa linear simples, mas funcional, que empurra o jogador adiante com motivações claras.
Esse universo mitológico, aliado ao estilo gráfico fantasioso, deu ao jogo uma identidade única, separando-o da multidão de shooters espaciais genéricos dos anos 80.
Veredito
Phelios é um shooter ousado e carismático que tentou sair da mesmice dos fliperamas da época, apostando em mitologia, narrativa e uma mecânica de tiro carregado. Embora peque em consistência gráfica nas fases finais e tenha efeitos sonoros pouco inspirados, o jogo ainda se destaca por seu visual criativo, jogabilidade desafiadora e trilha sonora envolvente.
Para fãs de shmups ou jogos retrô com uma pegada única, Phelios é uma pérola curiosa que merece ser redescoberta.
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