Quando pensamos nos primórdios dos RPGs japoneses em consoles, geralmente vêm à mente nomes como Final Fantasy e Dragon Quest. Porém, no lado da SEGA, uma das franquias mais importantes foi Phantasy Star, que trouxe inovação e ousadia desde seu primeiro título no Master System. Em 1989, o Mega Drive recebeu Phantasy Star II, um jogo que não apenas expandiu o universo iniciado no antecessor, mas também se consolidou como um dos RPGs mais marcantes de sua geração.
Lançamento e Contexto
Phantasy Star II foi lançado no Japão em 1989 e chegou ao Ocidente no início dos anos 90, sendo um dos primeiros RPGs a marcar presença fora do território japonês no Mega Drive. Vale destacar que este jogo foi o primeiro grande RPG de 16 bits disponível para os jogadores, anos antes do gênero se popularizar de vez nos consoles.
A SEGA arriscou ao investir em uma narrativa mais densa, madura e com temas que iam além do simples “bem contra o mal”, tocando em questões de tecnologia, política e até mesmo dilemas existenciais.
Enredo
A trama se passa mil anos após os eventos do primeiro jogo, dentro do sistema estelar Algol. O protagonista, Rolf (ou Eusis, no Japão), é um agente do governo que precisa investigar estranhos acontecimentos envolvendo ataques de criaturas e falhas no sistema Mother Brain, uma inteligência artificial responsável por administrar toda a sociedade.
O enredo é mais sombrio do que o do primeiro jogo, trazendo traições, sacrifícios e reviravoltas que marcaram os fãs. Inclusive, a morte de um personagem importante durante a campanha foi um dos momentos mais chocantes da época, algo incomum para jogos daquela geração. Essa abordagem mais madura ajudou a destacar Phantasy Star II em meio a outros RPGs.
Gráficos
Para 1989, Phantasy Star II apresentava visuais sólidos e consistentes. Os cenários são coloridos e bem definidos, mas não chegam a ser exuberantes como alguns títulos que viriam mais tarde no Mega Drive. As cidades, dungeons e o mundo futurista tinham uma estética de ficção científica interessante, fugindo da fórmula medieval que dominava os RPGs da época.
Os combates em primeira pessoa traziam inimigos bem detalhados e animados, e mesmo que a repetição visual das dungeons (com seus corredores labirínticos em perspectiva aérea) fosse um ponto criticado, ainda assim o jogo mostrava o potencial do hardware 16-bit para o gênero.
Som
A trilha sonora de Phantasy Star II é lembrada até hoje como uma das mais marcantes do Mega Drive. As composições eletrônicas, com clima futurista e por vezes melancólico, casavam perfeitamente com a proposta do jogo. Cada área tinha músicas que ajudavam a transmitir o peso da narrativa, do tom misterioso das dungeons ao ritmo mais esperançoso das cidades.
Apesar das limitações sonoras do Mega Drive, a trilha conseguiu se destacar, se tornando parte essencial da identidade do jogo.
Jogabilidade
No quesito jogabilidade, Phantasy Star II seguia a fórmula tradicional dos JRPGs da época: exploração de cidades e dungeons, batalhas em turnos, evolução de personagens e gerenciamento de equipamentos.
Contudo, ele é lembrado também pela alta dificuldade. Os encontros aleatórios são frequentes e exigem planejamento, e as dungeons são notoriamente complicadas, cheias de andares, armadilhas e labirintos gigantescos que testavam a paciência do jogador. Na época, essa complexidade era vista como um desafio extra, e até hoje é um dos pontos mais discutidos pelos fãs.
Outro destaque é o grupo de personagens variados que se juntam à aventura, cada um com sua própria personalidade e habilidades, trazendo profundidade à equipe.
Recepção na Época
No momento de seu lançamento, Phantasy Star II foi recebido com entusiasmo pela crítica e pelos jogadores que tiveram contato com ele. Era um RPG sofisticado, com narrativa elaborada, gráficos de ponta para o período e uma trilha sonora memorável.
No Ocidente, porém, o gênero ainda não era tão popular, e o jogo acabou sendo mais cultuado por um público restrito, mas apaixonado. Mesmo assim, ele ajudou a firmar o Mega Drive como uma plataforma que também tinha espaço para RPGs, algo que viria a crescer nos anos seguintes.
Com o passar do tempo, Phantasy Star II ganhou status de clássico e se tornou uma das experiências mais respeitadas do gênero em 16 bits, lembrado tanto por sua ousadia narrativa quanto por sua dificuldade implacável.
Veredito
Phantasy Star II é um jogo que marcou época, não apenas pela sua importância histórica no Mega Drive, mas também pela coragem de apresentar uma narrativa sombria e madura, algo raro em 1989.
Embora sua dificuldade e dungeons complexas possam afastar jogadores menos pacientes, quem mergulha nessa jornada encontra uma experiência única, com enredo memorável, personagens marcantes e uma trilha sonora inesquecível.
Um verdadeiro pilar da franquia Phantasy Star e um marco na história dos RPGs em consoles.
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