Quando a Midway lançou Doom 64 em 1997 para o Nintendo 64, muitos imaginavam que se trataria apenas de um simples porte do clássico de PC de 1993. Mas o que chegou às mãos dos jogadores foi, na verdade, uma experiência completamente nova e aprimorada, que não só aproveitou as capacidades do console da Nintendo, mas também trouxe uma identidade própria para a série.
Um novo capítulo, não apenas um remake
Ao contrário do que o nome possa sugerir, Doom 64 não é uma conversão direta do Doom original ou de Doom II. Ele apresenta 32 fases inéditas, com design de níveis reformulado e uma atmosfera muito mais sombria e opressora. A equipe da Midway, responsável pelo desenvolvimento, implementou melhorias e otimizações que tiraram proveito da arquitetura do N64, criando algo que se destaca até hoje.
Gráficos – Mais escuros, mais ameaçadores
A primeira coisa que salta aos olhos é o visual. Os sprites de inimigos, armas e objetos foram totalmente redesenhados e re-renderizados com mais detalhes. As texturas são mais nítidas e, ao mesmo tempo, mais sombrias, dando um tom mais “terror psicológico” do que a pegada mais frenética e iluminada do original.
O uso de iluminação dinâmica e sombras profundas foi outro ponto forte, algo que o hardware do N64 conseguiu entregar bem, criando corredores e salas onde a tensão aumenta a cada passo.
Som – O terror vem pelo silêncio
Se o Doom original no PC tinha músicas rápidas e cheias de ação, Doom 64 opta por trilhas atmosféricas e sons ambientais que aumentam o suspense. Em vez de riffs pesados, há ruídos inquietantes, ecos e efeitos que passam a sensação de isolamento. Isso mudou completamente o tom do jogo, aproximando-o mais de um survival horror em clima, ainda que mantendo a ação típica da série.
Jogabilidade – O mesmo DNA, mas mais refinado
A essência do gameplay continua fiel ao que fez Doom se tornar um ícone: movimentação rápida, combate intenso e exploração de mapas cheios de segredos. Porém, o controle no N64 foi otimizado para o analógico, permitindo maior precisão de mira e fluidez nos movimentos.
Alguns elementos, como a progressão mais linear e puzzles mais elaborados, deram um ar de frescor à fórmula, exigindo mais atenção na exploração e não apenas reflexos rápidos.
Veredito
Doom 64 não foi apenas uma adaptação do clássico para o Nintendo 64, ele foi uma reinvenção dentro do próprio universo da série. Com gráficos mais sombrios, áudio ambiental e jogabilidade refinada, tornou-se uma experiência única que marcou a transição da franquia para um tom mais maduro e atmosférico. É um título que merece ser revisitado, especialmente na versão remasterizada lançada anos depois, mas cuja força já era evidente na época do N64.
Se o Doom de PC foi a revolução, Doom 64 foi o passo ousado que mostrou que a franquia podia evoluir sem perder sua alma.
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