Lunar: Eternal Blue (Sega CD)

 

Entre os grandes RPGs lançados para o Sega CD, poucos alcançaram o prestígio de Lunar: Eternal Blue. Sequência direta de Lunar: The Silver Star, o jogo elevou o patamar dos RPGs no console, mostrando o quanto o periférico da Sega era capaz de entregar experiências narrativas e técnicas marcantes para a época.

Gráficos

Os visuais de Lunar: Eternal Blue demonstram bem o esforço da Game Arts em extrair o máximo do Sega CD. Apesar de o hardware não ser tão poderoso quanto o dos consoles que viriam poucos anos depois, o título apresenta cenários detalhados, coloridos e variados, que ajudam a dar vida ao mundo do jogo. As animações em estilo anime, apresentadas em cutscenes em vídeo, foram um grande diferencial, criando uma sensação cinematográfica rara nos RPGs da primeira metade dos anos 90. Além disso, o design dos personagens e monstros é carismático e consistente, mantendo o charme típico da série.

Som

Se os gráficos impressionam, o som é um dos pontos mais fortes de Eternal Blue. A trilha sonora, composta por Noriyuki Iwadare, é memorável, com faixas que variam entre momentos épicos, emocionantes e misteriosos, acompanhando cada passo da jornada. As músicas exploram muito bem a capacidade do CD de áudio, oferecendo qualidade muito superior aos RPGs em cartucho da mesma geração. Além disso, o jogo trouxe dublagens em inglês na versão ocidental, algo pouco comum na época, ajudando a reforçar a imersão na história.

Jogabilidade

Em termos de jogabilidade, Eternal Blue segue a estrutura clássica de RPGs japoneses dos anos 90, mas com algumas particularidades. As batalhas são em turnos e apresentam movimentação em um grid simples, onde a posição dos personagens influencia o alcance e a estratégia dos ataques. Isso adiciona uma camada extra de profundidade em relação aos sistemas tradicionais de batalha por menus. Fora das lutas, o jogo mantém a exploração de cidades, masmorras e interação com NPCs, entregando um ritmo equilibrado entre ação, história e progressão de personagens.

Enredo

O ponto mais marcante de Lunar: Eternal Blue é, sem dúvida, o enredo. Ambientado mil anos após os eventos de The Silver Star, a história acompanha Hiro, um jovem aventureiro que, junto de sua amiga Ruby, se envolve em uma jornada que começa com o encontro de Lucia, uma misteriosa jovem vinda da Lua. A narrativa mistura aventura, romance, comédia e drama em uma medida rara para a época, criando momentos de forte impacto emocional. Personagens bem desenvolvidos, diálogos envolventes e reviravoltas garantem que o jogador se mantenha investido até o fim.

Veredito

Lunar: Eternal Blue é um dos RPGs mais marcantes do Sega CD, sendo lembrado até hoje como uma obra que explorou ao máximo as capacidades do console. Seus gráficos expressivos, trilha sonora impecável, sistema de combate estratégico e enredo profundo fazem dele uma experiência atemporal. Para os fãs de RPGs clássicos, trata-se de um título essencial, que comprova como a série Lunar foi um divisor de águas na forma de contar histórias dentro dos videogames.

Lotus Turbo Challenge (Mega Drive)

 


Entre os jogos de corrida lançados para o Mega Drive, Lotus Turbo Challenge se destaca como um dos títulos que melhor traduziram a essência das corridas arcade para o console da SEGA. Desenvolvido pela Magnetic Fields e publicado pela Gremlin Graphics, o jogo faz parte de uma série popular nos computadores da época, mas encontrou no Mega Drive um espaço especial entre os fãs de velocidade.

Gráficos

Visualmente, Lotus Turbo Challenge apresenta cenários variados e bem construídos, que ajudam a manter o jogador engajado durante as corridas. Cada pista traz características próprias, seja pelo clima, como chuva e neblina, ou pelos obstáculos presentes na estrada, como barris e veículos mais lentos. A sensação de velocidade é convincente, mérito do bom uso do hardware do Mega Drive. Embora não seja o jogo mais detalhado do console, entrega um resultado sólido e dinâmico, ideal para o estilo arcade.

Som

A trilha sonora, composta de faixas eletrônicas animadas, consegue transmitir a adrenalina das corridas. O áudio é complementado por efeitos sonoros simples, mas eficazes, como o ronco do motor e o impacto em colisões. Apesar de não alcançar o status lendário de outras trilhas de jogos de corrida dos anos 90, o conjunto sonoro é consistente e cumpre bem seu papel na imersão.

Jogabilidade

O ponto mais forte do jogo é sua jogabilidade. O controle é responsivo, facilitando curvas em alta velocidade e ultrapassagens arriscadas. O nível de dificuldade é equilibrado, proporcionando diversão tanto para iniciantes quanto para jogadores mais experientes. Além disso, o modo para dois jogadores em tela dividida aumenta significativamente a longevidade e o apelo competitivo, tornando-o uma excelente opção para partidas entre amigos.

Influência e Comparações

Embora compartilhe elementos com outros títulos de corrida arcade da época, como a estrutura direta de Rad Racer ou o sistema de progressão visto mais tarde em Top Gear, Lotus Turbo Challenge mantém uma identidade própria. Sua proposta é menos sobre simulação e mais sobre oferecer velocidade e ação imediata, características que o consolidaram como um clássico do gênero no Mega Drive.

Veredito

Lotus Turbo Challenge é um exemplo claro de como o Mega Drive sabia aproveitar jogos de corrida arcade. Seus gráficos funcionais, som envolvente e jogabilidade precisa fazem dele uma experiência divertida até hoje. Mesmo sem a fama de outros concorrentes do gênero, o jogo se mantém como um título sólido e digno de ser revisitado por quem aprecia corridas rápidas e desafiadoras.

Marvel vs. Capcom 2 (Dreamcast)

Lançado em 2000, Marvel vs. Capcom 2 para o Dreamcast é considerado por muitos como a versão definitiva de um dos crossovers mais icônicos da Capcom. O título conseguiu transportar para o console doméstico toda a grandiosidade e intensidade dos arcades, tornando-se rapidamente um clássico entre fãs de jogos de luta.

Fidelidade ao Arcade

Uma das maiores qualidades da versão para Dreamcast é sua fidelidade impressionante à experiência arcade. Desde a velocidade frenética das batalhas até os efeitos visuais das habilidades especiais, tudo foi reproduzido de forma impecável. O console da Sega mostrou sua força, oferecendo uma conversão praticamente idêntica à dos fliperamas, algo raro para a época.

Conteúdo Desbloqueável

Um dos aspectos mais memoráveis do jogo é a imensa quantidade de conteúdo desbloqueável. O jogador tem à disposição 56 personagens, reunindo heróis e vilões da Marvel e da Capcom. No início, muitos deles estão bloqueados, incentivando o jogador a investir horas de gameplay para conquistar pontos e liberar novas figuras. Essa progressão dava ao título uma vida útil enorme, mantendo sempre a motivação para jogar mais partidas.

Gráficos

Visualmente, Marvel vs. Capcom 2 impressiona com sua combinação única: personagens em sprites 2D super detalhados sobre cenários 3D dinâmicos e coloridos. Esse contraste criava uma estética vibrante, que se destacou na época e permanece charmosa até hoje. Os efeitos de luz, explosões e animações das habilidades especiais reforçam o espetáculo visual, contribuindo para a identidade marcante do jogo.

Som

A trilha sonora é outro ponto que divide opiniões, mas certamente se destaca por sua ousadia. Ao invés de seguir o padrão de músicas intensas de jogos de luta, a Capcom optou por faixas com forte influência de jazz e lounge, criando uma atmosfera inusitada que acabou se tornando icônica. Além disso, os efeitos sonoros dos golpes, vozes dos personagens e explosões mantém a energia alta durante as batalhas.

Jogabilidade

O coração do sucesso de Marvel vs. Capcom 2 está em sua jogabilidade acessível e ao mesmo tempo profunda. O sistema de lutas em 3 contra 3 traz um dinamismo único, permitindo criar combinações estratégicas entre personagens e explorar diferentes estilos de combate. A mecânica de “assistência”, chamar personagens reservas para ajudar durante a luta, trouxe ainda mais variedade e velocidade às batalhas. Para jogadores casuais, os comandos simplificados facilitam a execução de golpes especiais, enquanto para os veteranos, o sistema oferece espaço para combos elaborados e infinitas possibilidades táticas.

Veredito

Marvel vs. Capcom 2 no Dreamcast não é apenas uma conversão fiel do arcade, mas também um marco nos jogos de luta. Com seu vasto elenco, jogabilidade viciante, gráficos vibrantes e uma trilha sonora inesquecível, o título consolidou-se como uma das melhores experiências do gênero no console da Sega e permanece até hoje como referência absoluta para fãs de lutas crossover.

Um clássico atemporal que mostra por que o Dreamcast, mesmo com sua curta vida, abrigou alguns dos jogos mais memoráveis da história.

Zone of the Enders (PS3) - Uma obra de Kojima além de Metal Gear

Quando falamos em Hideo Kojima, a mente por trás da saga Metal Gear, logo pensamos em narrativas complexas, cinematográficas e cheias de identidade própria. Mas o lendário criador também deixou sua marca em outro projeto, muitas vezes lembrado como uma obra-prima de seu tempo: Zone of the Enders. Lançado originalmente no PlayStation 2, o título ganhou em 2012 uma versão em alta definição no PlayStation 3, trazendo não apenas melhorias visuais e sonoras, mas também a chance de uma nova geração conhecer esse clássico.

Apesar de não carregar o mesmo peso comercial de Metal Gear Solid, Zone of the Enders mostra a versatilidade criativa de Kojima. Ele conseguiu unir narrativa envolvente, combates intensos e um design de mechas (robôs de combate) impressionante. O jogo combina ação frenética com uma história carregada de dilemas morais, típica da assinatura do autor.

Gráficos e direção de arte

Na versão de PS3, Zone of the Enders brilha com suas texturas redesenhadas em HD, efeitos de luz aprimorados e cenários mais nítidos. Os modelos dos Orbital Frames, os mechas gigantes que protagonizam as batalhas, ganharam ainda mais impacto visual. O design futurista continua atual, com traços de anime que lembram produções clássicas do estúdio Sunrise. Embora seja perceptível que se trata de um jogo da era do PS2, o remaster conseguiu preservar a essência e ainda elevar a experiência.

Som e trilha sonora

A trilha sonora é um dos pontos altos da obra. Misturando batidas eletrônicas e orquestrais, ela reforça tanto a intensidade das batalhas quanto os momentos dramáticos da narrativa. As dublagens foram bem preservadas, transmitindo emoção e peso aos personagens. O efeito sonoro dos combates, explosões, disparos e os movimentos dos Orbital Frames, é limpo e poderoso, imergindo o jogador ainda mais no universo.

Jogabilidade

A jogabilidade sempre foi o grande trunfo de Zone of the Enders. O controle dos Orbital Frames é fluido, permitindo ataques rápidos, disparos à distância e manobras de esquiva sem perder a dinâmica. O sistema de combate combina simplicidade com profundidade: fácil de aprender, mas cheio de nuances que recompensam a prática. No PS3, a taxa de quadros mais estável ajuda a manter a ação ainda mais empolgante, fazendo cada batalha ser um espetáculo visual e interativo.

Enredo

A narrativa apresenta Leo Stenbuck, um jovem que, por acaso, se torna piloto do Orbital Frame Jehuty. De início, Leo apenas deseja proteger inocentes do conflito em Marte, mas acaba envolvido em uma trama maior, que explora o peso da guerra, a responsabilidade do poder e a luta contra organizações militares opressoras. Essa mescla de drama humano com batalhas épicas é a marca registrada de Kojima, e dá ao jogo um tom muito além de um simples título de ação.

Veredito

Zone of the Enders no PS3 não é apenas um remaster, é a chance de revisitar (ou descobrir) uma obra visionária de Hideo Kojima. Com jogabilidade ágil, visual renovado, som envolvente e uma narrativa que combina emoção com ficção científica, o jogo se mantém relevante até hoje.

Para quem busca entender a genialidade de Kojima além de Metal Gear, ou simplesmente deseja vivenciar um dos melhores jogos de mechas já criados, essa é uma experiência obrigatória.

Metal Gear Solid 4: Guns of the Patriots (PS3)

Quando Metal Gear Solid 4: Guns of the Patriots foi lançado em 2008, ele não era apenas mais um jogo de ação furtiva. Exclusivo para o PlayStation 3, o título da Konami, dirigido por Hideo Kojima, tornou-se um verdadeiro marco para a geração, unindo narrativa cinematográfica, inovações técnicas e uma despedida emocionante para a saga de Solid Snake.

Exclusividade e impacto no PS3

O jogo foi concebido como uma obra que só poderia existir no PS3. Aproveitando o poder do console e a capacidade do Blu-ray, MGS4 entregou longas cutscenes de altíssima qualidade, dublagem impecável e um nível de detalhe gráfico impressionante para a época. Essa exclusividade fez dele um dos títulos que justificavam a compra do console no período inicial de sua vida.

Inovações de jogabilidade

MGS4 trouxe melhorias significativas ao sistema stealth, permitindo que o jogador alternasse livremente entre câmera em terceira e primeira pessoa, algo que modernizou a série e ampliou a liberdade de abordagem. A introdução do OctoCamo, um traje que se adapta automaticamente ao ambiente para camuflagem, trouxe novas possibilidades estratégicas. Além disso, o controle refinado das armas e a customização em tempo real deram ao jogador mais opções de combate direto, sem deixar de lado o foco no stealth.

Gráficos e som

Graficamente, o jogo foi um espetáculo. Cenários detalhados, animações realistas e expressões faciais que transmitiam emoção colocaram MGS4 entre os títulos mais belos da geração. O design de ambientes variados, do Oriente Médio devastado pela guerra até bases secretas e cidades futuristas, reforçou a sensação de estar em um épico cinematográfico.
O som também se destacou, com trilha sonora épica e efeitos sonoros que aumentavam a tensão. As vozes, lideradas por David Hayter como Snake, elevaram ainda mais a dramaticidade da narrativa.

Narrativa profunda e cinematográfica

Se há algo que define Metal Gear Solid 4, é o seu enredo. Encerrando a longa jornada de Solid Snake, agora envelhecido precocemente, o jogo entrelaça conspirações militares, dilemas éticos e reflexões sobre guerra, tecnologia e controle social. As cutscenes extensas, muitas vezes comparáveis a um filme, foram um divisor de águas: amadas por alguns, criticadas por outros, mas inegavelmente marcantes.

Veredito 

Metal Gear Solid 4: Guns of the Patriots não é apenas um jogo, mas uma experiência completa que misturou jogabilidade inovadora, gráficos de ponta e uma narrativa densa e emocionante. Como exclusivo do PS3, ajudou a consolidar a identidade do console e permanece, até hoje, um dos capítulos mais memoráveis da saga criada por Hideo Kojima.

Art of Fighting 2 (SNES)

Quando falamos em jogos de luta da SNK, a série Art of Fighting sempre aparece como um dos pilares ao lado de Fatal Fury e The King of Fighters. Porém, ao contrário do Neo Geo, onde o poder de hardware fazia brilhar os gráficos detalhados e as animações robustas, as conversões para consoles de 16 bits precisavam enfrentar muitas limitações. O Super Nintendo recebeu uma versão de Art of Fighting 2, lançada em 1994 exclusivamente no Japão, sob a responsabilidade da Saurus, estúdio que trabalhou em outras adaptações da SNK para consoles caseiros.

Peculiaridades da Conversão

A principal característica dessa versão é o esforço de transportar um jogo pensado para o poderoso Neo Geo para um hardware mais limitado. Muitos sprites foram redesenhados com menos detalhes, a escala dos personagens foi diminuída e alguns cenários sofreram cortes de animação. Além disso, elementos técnicos importantes ficaram de fora, como os close-ups durante golpes especiais e o famoso sistema de zoom dinâmico da tela, marca registrada do original, impossível de ser replicado no Super Nintendo com a mesma fluidez.

Ainda assim, a conversão tentou manter a essência do jogo. Todos os personagens jogáveis estão presentes, e a atmosfera mais séria da série foi preservada, mesmo que o impacto visual e técnico tenha ficado bem aquém do arcade.

Gráficos

No Super Nintendo, Art of Fighting 2 perdeu parte da imponência que ajudava a diferenciá-lo nos fliperamas. Os sprites são menores e menos detalhados, e alguns cenários parecem estáticos em comparação ao Neo Geo. Apesar disso, as cores foram bem trabalhadas e os fundos, ainda que simplificados, mantêm a identidade dos estágios originais.

Para os padrões do console, o jogo está longe de ser dos mais impressionantes, sobretudo quando comparado a títulos como Street Fighter II ou Mortal Kombat II, que exploravam melhor o hardware.

Som

O áudio foi outro ponto bastante afetado. As vozes digitalizadas, que no Neo Geo impressionavam pela clareza, aqui surgem abafadas e com baixa qualidade. Os efeitos de impacto dos golpes soam fracos, diminuindo a sensação de força nos confrontos. As trilhas musicais, por sua vez, preservam as composições marcantes da SNK, mas em versões bem mais simples e limitadas.

Jogabilidade

A jogabilidade manteve a proposta original, com comandos de golpes especiais exigentes e um ritmo mais cadenciado do que outros jogos de luta da época. O sistema de energia especial, que se esgota ao executar golpes fortes ou especiais, também foi mantido, adicionando uma camada de estratégia às batalhas.

Por outro lado, os controles no SNES não são tão responsivos quanto no Neo Geo, e a ausência do zoom dinâmico deixa as lutas menos intensas, tirando um dos diferenciais mais marcantes da série.

Veredito 

Art of Fighting 2 no Super Nintendo é uma conversão curiosa, o que já indica seu caráter de produto voltado para um público específico. Apesar de trazer todo o elenco e preservar a essência do jogo, o título perde muito de seu impacto visual e sonoro na transição para o console de 16 bits.

Para quem, na época, não tinha acesso ao Neo Geo, essa adaptação foi uma forma de experimentar o jogo em casa, mas hoje funciona mais como uma peça histórica do que como um grande destaque do gênero no SNES.

Review: Alpha Mission II – O clássico shooter espacial do Neo Geo

Lançado em 1991 pela SNK, Alpha Mission II chegou ao Neo Geo como uma continuação direta do título de arcade lançado ainda nos anos 80. Conhecido no Japão como ASO II: Last Guardian, o jogo veio em uma época em que os shooters espaciais (ou shmups) estavam em alta, competindo com nomes de peso como R-Type e Gradius. Mesmo assim, conseguiu se destacar pelo seu estilo próprio e por trazer uma das mecânicas de evolução mais criativas do gênero.

Gráficos

Para os padrões de 1991, Alpha Mission II impressionava com cenários detalhados, que alternavam entre áreas futuristas, planetas alienígenas e vastos campos de batalha no espaço. Os inimigos tinham designs variados, indo de pequenas naves a enormes naves-mãe que ocupavam boa parte da tela. As explosões eram chamativas e o uso de cores fortes ajudava a manter a identidade visual típica do Neo Geo. Embora não tivesse a mesma imponência gráfica de outros títulos posteriores da plataforma, ainda era um jogo que transmitia bem a sensação de estar em uma guerra intergaláctica.

Som

O áudio de Alpha Mission II acompanhava bem a ação. As músicas traziam um estilo futurista e energético, mantendo o ritmo frenético das fases. Embora não fossem melodias tão memoráveis quanto as de alguns concorrentes, cumpriam bem o papel de criar uma atmosfera de urgência. Já os efeitos sonoros, especialmente os disparos e explosões, eram impactantes e davam ao jogador a sensação de poder a cada upgrade coletado.

Jogabilidade

É aqui que Alpha Mission II realmente se destacava. O jogo oferecia a fórmula clássica dos shmups: inimigos em enxames, desviar de tiros por todos os lados e enfrentar chefes gigantescos. Porém, sua grande inovação estava no sistema de upgrades.

Além das melhorias tradicionais de velocidade e poder de fogo, o jogo introduziu a possibilidade de coletar partes de armaduras especiais, chamadas Power Armors. Cada uma delas tinha habilidades únicas, como ataques em área, lasers concentrados ou até escudos defensivos. O jogador precisava administrar bem o uso dessas armaduras, já que elas tinham duração limitada e podiam ser gastas rapidamente se ativadas sem estratégia. Esse sistema adicionava profundidade à jogabilidade, dando liberdade para adaptar o estilo de jogo a cada situação.

Apesar de inovador, o jogo era bastante desafiador, como a maioria dos shooters da época. A tela rapidamente se enchia de projéteis, exigindo reflexos rápidos e domínio das armas disponíveis.

Veredito 

Alpha Mission II pode não ter alcançado o mesmo nível de fama que outros shooters clássicos, mas continua sendo um dos títulos mais interessantes do gênero no Neo Geo. Seu visual vibrante, som competente e, principalmente, o criativo sistema de upgrades fazem dele uma experiência única para fãs de shmups. É um jogo que exige paciência e dedicação, mas recompensa com uma jogabilidade variada e cheia de possibilidades.

Para quem aprecia os shooters clássicos e quer conhecer melhor a biblioteca do Neo Geo, Alpha Mission II é uma parada obrigatória.

Hagane – The Final Conflict (SNES)

Nos anos 90, o Super Nintendo foi palco de inúmeros clássicos que marcaram gerações, mas entre eles existe um título que se tornou quase lendário devido à sua raridade: Hagane – The Final Conflict. Lançado em 1994 pela Hudson Soft, o jogo não apenas chamou a atenção pela sua qualidade, mas também pelo modo como foi distribuído nos Estados Unidos. Ao contrário de outros títulos da época, Hagane teve uma distribuição extremamente limitada, sendo disponibilizado apenas em algumas redes varejistas selecionadas e como titulo exclusivo da locadora Boockbuster. Isso fez com que o cartucho se tornasse um dos mais cobiçados pelos colecionadores, alcançando preços altos no mercado retro até hoje.

Gráficos

Visualmente, Hagane é um espetáculo para os padrões do Super Nintendo. O jogo mistura cenários futuristas e elementos tradicionais japoneses, criando uma estética cyberninja que impressiona até hoje. Os cenários são detalhados, com camadas de fundo que dão profundidade e atmosfera às fases. Os inimigos variam bastante, indo de soldados mecânicos a criaturas mais exóticas, todos bem animados e com sprites elaborados. A fluidez das animações do protagonista, um ninja ciborgue armado até os dentes, é outro ponto de destaque que mostra o capricho técnico da Hudson.

Som

A trilha sonora de Hagane combina batidas eletrônicas pesadas com elementos de música oriental, refletindo bem a fusão entre o tradicional e o futurista presente em sua ambientação. Cada fase possui uma música que contribui para a imersão, criando um clima de urgência e ação constante. Os efeitos sonoros também são marcantes: o som metálico das espadas, o impacto dos projéteis e até as explosões contribuem para intensificar a experiência frenética.

Jogabilidade

Se há algo que torna Hagane memorável é sua jogabilidade. O jogo é um action platformer de ritmo acelerado, lembrando títulos como Shinobi e Strider, mas com identidade própria. O protagonista conta com uma variedade de armas e movimentos acrobáticos, podendo atacar com espada, usar shurikens, bombas e até golpes de investida. A jogabilidade é desafiadora, exigindo reflexos rápidos e domínio das habilidades para superar os inimigos e os chefes. Apesar da dificuldade elevada, o jogo recompensa o jogador que persiste, oferecendo batalhas intensas e fases cheias de surpresas.

Veredito 

Hagane – The Final Conflict é um dos grandes tesouros escondidos do Super Nintendo. Com sua distribuição restrita nos Estados Unidos, o jogo acabou se tornando uma raridade, mas a qualidade de seus gráficos, trilha sonora e jogabilidade o coloca entre os melhores títulos de ação do console. Para quem busca uma experiência desafiadora, imersiva e ao mesmo tempo única dentro da biblioteca do SNES, Hagane é uma verdadeira joia que merece ser redescoberta.

Alex Kidd in Miracle World – O Clássico Imortal do Master System

Quando se fala em jogos clássicos do Master System, um dos primeiros nomes que vem à mente é Alex Kidd in Miracle World. Lançado em 1986, o jogo não apenas marcou época pelos seus gráficos e jogabilidade inovadora, como também foi o símbolo da Sega antes da chegada de Sonic, servindo como o verdadeiro mascote da empresa em seus anos iniciais.

Gráficos

Para a época, os visuais de Alex Kidd in Miracle World eram vibrantes e coloridos, destacando-se em relação a muitos jogos de 8 bits. Os cenários variavam bastante, desde montanhas e cavernas até vilarejos e castelos, trazendo uma boa dose de variedade e carisma. Os sprites, mesmo simples, tinham personalidade, com Alex exibindo expressões claras e inimigos distintos e memoráveis.

Som

A trilha sonora é um dos pontos mais marcantes do jogo. As músicas, apesar da simplicidade dos canais sonoros do Master System, são cativantes e inesquecíveis, acompanhando o jogador em cada fase com um ritmo alegre e desafiador. Os efeitos sonoros também cumprem bem o seu papel, transmitindo impacto em golpes e pulos.



Jogabilidade

A jogabilidade de Alex Kidd in Miracle World mistura elementos de plataforma com toques de exploração e puzzles. Diferente de outros jogos do gênero, Alex não derrotava inimigos pulando em suas cabeças, mas sim com socos rápidos, o que já dava um diferencial de identidade. Além disso, o jogo trouxe fases subaquáticas, veículos como motocicleta e helicóptero, e até os famosos desafios de pedra, papel e tesoura contra chefes, uma ideia criativa, ainda que por vezes injusta.

Importância Histórica

Antes de Sonic se tornar a cara da Sega, Alex Kidd foi o grande mascote da empresa. O jogo vinha embutido em muitos Master System vendidos no ocidente, tornando-se o primeiro contato de uma geração inteira com os videogames da marca. Sua popularidade ajudou a Sega a se consolidar no mercado de consoles, ainda que o personagem tenha perdido protagonismo com o sucesso estrondoso de Sonic em 1991.

Veredito

Alex Kidd in Miracle World é mais do que um simples jogo de plataforma: é um ícone dos anos 80, responsável por colocar a Sega no mapa e conquistar milhões de jogadores. Com gráficos carismáticos, trilha sonora inesquecível e uma jogabilidade variada para sua época, o jogo permanece como um clássico que ainda merece ser revisitado.

Super Mario Bros. 3 (NES) – O Jogo que Redefiniu o Plataforma para Sempre

Lançado em 1990 na América do Norte (e originalmente em 1988 no Japão), Super Mario Bros. 3 é um dos títulos mais icônicos e influentes da história dos videogames. Desenvolvido pela Nintendo para o console NES (Nintendo Entertainment System), o jogo elevou o gênero plataforma a um novo patamar, trazendo uma série de inovações que moldaram não só a franquia Mario, mas também todo o universo dos jogos.

Inovações e Lançamento

Super Mario Bros. 3 chegou após o enorme sucesso dos dois primeiros jogos da série, mas trouxe novidades que surpreenderam até os fãs mais fiéis. Entre as principais inovações estão:

  • Mapa do Mundo: Pela primeira vez, o jogador podia navegar entre fases por um mapa interativo, escolhendo diferentes rotas e caminhos alternativos. Isso dava uma sensação de exploração e liberdade inédita.

  • Power-ups variados: Além do tradicional cogumelo e da flor de fogo, SMB3 introduziu novos power-ups icônicos como a Racinha Tanooki, que permitia que Mario voasse temporariamente e se transformasse em estátua, e a Capa, que dava voo livre por mais tempo.

  • Fases diversificadas e temáticas: Cada mundo tinha um estilo próprio, com diferentes inimigos e obstáculos, incluindo desertos, oceanos, castelos e cidades voadoras, o que aumentava a variedade e o desafio do jogo.

  • Multiplayer cooperativo: Pela primeira vez, era possível jogar com Luigi como personagem controlável no modo de dois jogadores, um passo importante para o multiplayer local.

O lançamento foi um sucesso estrondoso. No Japão, o jogo se tornou um dos títulos mais vendidos para o Famicom e nos EUA ajudou a solidificar o NES como um fenômeno global. A imprensa da época e jogadores elogiaram sua profundidade, design de níveis e qualidade geral.

Gráficos

Para um jogo de 8 bits, os gráficos de Super Mario Bros. 3 são impressionantes e coloridos. A Nintendo explorou ao máximo as limitações técnicas do NES, criando sprites detalhados e cenários variados que transmitiam personalidade para cada mundo.

O design dos inimigos também foi muito marcante, com figuras como os Koopalings — os chefes de cada mundo — que até hoje são reconhecidos e amados. A fluidez das animações, como o voo de Mario com a capa, surpreendeu os jogadores e tornou o gameplay mais dinâmico.

Som

A trilha sonora é um dos pontos altos do jogo. Com composições de Koji Kondo, as músicas são memoráveis, cativantes e variadas, mudando conforme o mundo ou a situação (fases normais, subsolo, castelos). Os efeitos sonoros, saltos, power-ups e moedas, são instantaneamente reconhecíveis, reforçando a identidade sonora da franquia.


Jogabilidade

A jogabilidade de Super Mario Bros. 3 é refinada e desafiadora. Os controles são precisos, e a introdução do voo abriu uma nova camada estratégica para explorar os níveis.

O design das fases é inteligente, alternando momentos de ação rápida, exploração e desafios de plataforma mais exigentes. Além disso, o sistema de power-ups incentiva o jogador a experimentar diferentes estilos de jogo.

O mapa do mundo também adiciona uma dinâmica de planejamento, já que o jogador pode decidir como avançar, quando enfrentar um castelo, ou tentar pegar itens extras.

Veredito: Legado e Influência nos Jogos Mario Até Hoje

Muitos elementos apresentados em Super Mario Bros. 3 tornaram-se padrões para toda a franquia Mario e para o gênero plataforma como um todo:

  • O conceito de power-ups variados, incluindo voar com a capa, reaparece em quase todos os jogos Mario posteriores.

  • Mapas com múltiplas rotas e níveis opcionais são comuns em jogos como Super Mario World, Super Mario 64, e até nos títulos mais recentes da série.

  • A identidade sonora estabelecida por Kondo, com temas cativantes e efeitos sonoros, é uma marca registrada que permanece intacta.

  • A fluidez e precisão dos controles criadas aqui são a base para todos os jogos de plataforma 2D da Nintendo.

Super Mario Bros. 3 não é só um jogo; é uma pedra fundamental da história dos videogames. Seu design inovador e sua jogabilidade atemporal continuam influenciando desenvolvedores e encantando jogadores ao redor do mundo.

Se você ainda não experimentou essa obra-prima, vale a pena voltar no tempo e ver por que Mario se tornou uma lenda dos games.